sábado, 25 de setembro de 2010

Pedorido visto do rio Douro! ( 9ª e última parte )

Assim que entramos na zona demarcada, pareceu-nos que o encontro com a Régua foi bem mais rápido do que estaríamos à espera, e, aí, pudemos ver uma cidade do interior com uma vida própria assinalável e até um pouco agitada, porque a rota do vinho tem a virtude de "atrair" o turismo, agora através das três frentes conhecidas e que são o comboio, os barcos de recreio e as auto-estradas... Este turismo de que falamos, chama muito mais pessoas, estrangeiros e portugueses, desejosos de conhecer a região demarcada do Douro e uns e outros são unânimes em tecer elogios às belas paisagens que desfrutaram, e, por via disso, fizeram questão de guardar não só nas suas memórias, mas também em máquinas mais ou menos sofisticadas a quem não deram tréguas durante as horas que durou a viagem, para que mais tarde, já em ambiente familiar e de amigos, poderem rever as imagens com as quais se encantaram! De resto, não será por acaso que se diz em bom português:-« Recordar é viver duas vezes!...»
Ao longo da viagem de cerca de seis horas, deu para notar que os nossos hábitos gastronómicos diferem um pouco dos estrangeiros, que, apreciam melhor os nossos vinhos, porque para lá da refeição, fizeram questão de continuar a saborear os bons vinhos desta região demarcada, demonstrando um prazer e uma alegria para lá do comum dos portugueses!
Achamos oportuno focar aqui um outro aspecto que poderá não ter sido salvaguardado, tendo em conta as diferentes realidades desde a Foz do Douro até se atingir a região demarcada. Estamos a referir-nos às contra-partidas, que quanto a nós se justificariam, porque, quer se queira ou não admitir, a bacia do Douro não é homogénea... E, por não ser homogénea, houve formas de vida que foram sacrificadas devido à subida do nível das águas em todo este Baixo Douro e que nem sequer os dinheiros irão resolver!... Relembremos aqui a melhor agricultura de toda a zona ribeirinha, passando por todo o tipo de pesca sazonal e que dava muita vida pelas freguesias e lugares ao redor desses extensos areais, já para não falarmos no corte radical que foi feito às ligações ancestrais, já com centenas de anos e que diariamente eram feitas pelo rio, nos casos de Pedorido e Rio Mau, Sebolido/Cancelos e Midões e Melres e Lomba... Só para citar os exemplos que melhor conhecemos! Tudo isso passou a fazer parte da História e das memórias ainda vivas das gentes que ali despertaram para a vida e que não esquecem o passado colectivo!
É difícil perceber e mais difícil ainda é aceitar, que não tivessem previsto neste grandioso projecto o respeito pelo rico historial destas gentes ribeirinhas, num "chega p'ra lá", intencional ou não, mas que foi muito feio e que merece ser aqui denunciado!!!

-Um abraço fraterno para toda a região duriense!

Etiquetas: turismo, comboio, interioridade, memórias, povos ancestrais, pesca sazonal, gentes ribeirinhas, rios e afluentes.

1 comentário:

  1. Fivamos mais enriquecidos com estes documentos aqui apresentados.O autor encontrou-se com a história, deu-lhe forma ao narrarar praticamente tudo o que se passou nas margens do Douro. É um contributo válido para a história desta região que merece de todos admiração e agradecimento.
    Por mim aqui fica o abraço reconhecido ao Augusto.

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