sábado, 20 de novembro de 2010

Inseguro, mas Porquê?!...

Foi já há vários dias que tivemos a oportunidade, não muito rara, de ouvir um homem do interior duriense e que me pareceu ocupar lugar de alguma responsabilidade, trazer à baila, ou ao conhecimento da Nação, a sua inquietação quanto ao futuro de toda a zona do Alto Douro, mais conhecida por Douro vinhateiro, e, que, muito justamente, foi considerada como património mundial! Dizia o sujeito, no fundamental, que todo aquela riqueza das vinhas em socalco, corriam sério risco de desaparecer, e, se, mais tempo de antena tivesse, ainda íamos ter pena do homem, tal a lamechice continuada, como se andássemos a "ver passar os comboios"!...
Logo à partida e para começar não percebemos qual a finalidade de tais lamentações, porque temos até grande dificuldade em perceber todo aquele quadro negro que pretendeu passar para todo o país... E não é para alimentar polémicas, que, geralmente, não passam disso e não têm resultados práticos para as pessoas e para as regiões!
O que não dá para perceber é onde estão os grandes futuros males de uma das regiões do interior com mais sucesso, onde se investe há centenas de anos, como é do conhecimento geral nas vinhas e vinhos de altíssima qualidade, onde os ingleses, portugueses e outros se instalaram e continuam sem queixumes, porque foram bem sucedidos, naturalmente... Achamos muito estranho, tais lamentos em relação ao futuro, quando com o mundo global que aí está, até os chineses e outros povos poderão ser futuros clientes de uma bebida, que, se mantiver a qualidade, não correrá riscos...
Já para não falar no turismo, que continuará a "vender" e ninguém desconhecerá que a navegabilidade do rio Douro foi um novo maná para o Alto Douro! Surpreendeu-nos o facto do cavalheiro nem sequer ter falado nesta nova realidade, e, já agora, que "estamos com a mão na massa", é justo que se diga, aqui e agora, que as gentes do Baixo Douro, que em nada terão beneficiado com a navegabilidade do rio, nem um queixume lhes temos ouvido nas televisões, nos jornais ou na rádio, sabendo nós, que do lado de quem beneficiou, não há a coragem de querer ver, por egoísmo exacerbado e ridículo, que toda aquela zona deveria ter acesso a contra-partidas, mas, infelizmente, mesmo num país livre e democrático, é muito raro valorizar quem é digno, leal e correcto!
Entendemos que é o momento certo para recordar, aqui e agora, que no seio deste povo, há quem queira continuar a olhar grande parte dos dias - quase não dormem - para o seu umbigo, mesmo depois de terem sido contemplados com ajudas estatais, julgando-se uns senhores da República, que têm de ser acarinhados, mas é preciso relembrar esta gente com alguma rudeza, se necessário, que terá chegado a hora de retribuir a favor de um país, que acabou cansado de dar tanto e sempre em favor de quem nem isso reconhece!... Haja sentido pátrio, ou será preciso legislar sobre tão evidente matéria?!

Etiquetas: Alto Douro, vinho do Porto, turismo, rio Douro, socalcos de vinhas, património mundial, gentes ribeirinhas, Baixo Douro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Surpresa, ou talvez não!...

Percebe-se, ou melhor, sente-se um rebuliço enorme no mundo financeiro e a agitação vai de um extremo ao outro do planeta, e, parece, que, já não haverá grandes dúvidas das grandes alterações nas maiores economias mundiais, e, fala-se até, numa troca de lugares para os próximos tempos entre a poderosa América e a China, quando, até se sabe, que este colosso do Oriente detém uma boa parte da dívida externa americana... É já um bom começo, para os dirigentes chineses, claro!
Entretanto, as últimas novas vêm lá dos confins do planeta e queremos acreditar que terão deixado muito boa gente de "cara à banda", porque não esperariam que Timor Leste, pela voz do seu presidente, seja mais um dos candidatos a comprar parte da dívida ao estado português!... Então, este não é aquele pequeno país que há tão pouco tempo teve graves problemas após a descolonização, devido à ocupação indonésia e à divisão interna que se gerou com a criação dos vários partidos políticos a favor da integração na vizinha Indonésia, enquanto a Fretilin mantinha o seu grito de "indepedência ou morte"?!... Este, não é aquele pequeno país, despido de quaisquer estruturas, que só sobrevive com as ajudas externas da ONU, do antigo país colonizador que foi Portugal e de outros países desenvolvidos?! Nem nos compete "meter foice em seara alheia", quem somos nós para o fazer, mas como somos português e não temos a memória curta, ainda trazemos bem presente, como se vivia nas aldeias, ali, junto das margens do Douro no final dos anos quarenta e décadas que se lhe seguiram!... Aquilo era como que uma espécie de "fado triste" e repetido até à exaustão, sem queixume, aparentemente, e sem protestos, daquelas boas gentes a quem o analfabetismo tolhera o descernimento, tornando a vidinha fácil a quem lá longe na capital do Império manobrava a bel-prazer, ano após ano, e, por via disso, apetece-nos "trazer à baila" o velho ditado popular, quase gasto e meio esquecido e que "rezava" assim:- «Os meus burrinhos é que me fazem doutor!...»
Esta "cena", como diz a "malta" deste novo tempo, durou tempos infinitos e pagou-se uma factura quase impossível de contabilizar, uma vez que várias gerações trabalharam toda uma vida com direitos mínimos e insuficientes e a troco de miseráveis salários! Este ciclo era repetitivo, e, no entanto, "falava-se à boca pequena", que os cofres do Estado estavam cheios de dinheiro e de barras de ouro, mas que nunca se abriram, nem por uma vez, a favor de um povo que merecia "sair da cepa torta" e rumar a uma vida mais digna, mais humanizada!...
Será que a História irá repetir-se, agora, lá longe, naquele pequeno país "encravado" entre as ilhas Indonésias e a grande Austrália e que dá pelo nome de Timor-Leste e que traduzido para a língua maubere dá Timor Lorosae?!...
Pela parte que nos toca, desejamos ao povo maubere um futuro digno desse nome, mas não há "fogo sem fumo", e, se às notícias, que já vieram a público, juntarmos algumas das nossas más experiências de tempos mais antigos, teríamos como resultado um "caldinho" bem difícil de tragar para os timorenses!...

Etiquetas: Timor Loro Sae, economia mundial, descolonização, ONU, Austrália, Indonésia, povo maubere, petróleo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O NOSSO RECONHECIMENTO!

Achamos muito curioso, termos acordado hoje com o pensamento num facto já passado há alguns anos, que não mais esqueceremos e que nos deixou pensativo para o resto da vida e queremos acreditar que naquele dia nem fomos capaz de perceber o alcance do que nos estaria a acontecer... Mas passemos à história:
« Entre 1998 e 2006 o nosso desempenho profissional repartiu-se um pouco por este país industrial e viemos a conhecer uma boa parte das zonas industriais, onde pontificam médias e sobretudo pequenas empresas do sector metalúrgico. Isto, equivale a dizer, que contactamos com muitas pessoas do mundo do trabalho e estamos a englobar trabalhadores, quadros intermédios e também patrões, com quem mantivemos relacionamento de âmbito profissional e que nos ajudaram a compreender, um pouco melhor, as realidades deste nosso país no sector industrial privado!
Decorria o ano de 2002 e fomos solicitado para executar uma tarefa numa zona industrial próxima do tão falado IC 19, e, enquanto reparávamos umas deficiências no sistema automático de uma máquina de corte, pudemos estabelecer um relacionamento profissional com um jovem engenheiro, que se encontrava nessa mesma empresa com idêntico motivo ao nosso, ou seja, apoiar os seus clientes no sector das vendas e dando ainda apoio técnico... Ficamos a saber, que este jovem engenheiro tinha muitos clientes em toda as zonas industriais da grande Lisboa e na margem sul do Tejo até à península de Setúbal!
Decorrido um ano ou pouco mais deste nosso primeiro encontro profissional, fomos destacado para montar uma máquina automática numa zona industrial próximo de Palmela e dispúnhamos de uns três dias para executar a tarefa, sabendo que ia ser um trabalho cansativo só para um profissional, porque se tratava de uma máquina de três módulos e com cerca de 22 metros... Ao 3º dia, uma sexta-feira e já com tudo devidamente alinhado e fixo ao piso do pavilhão, só faltava a parte final e que passava por programar todo o sistema e passar esses conhecimentos a um profissional dessa empresa, como "rezava" no contrato... Sucedeu, que estávamos arrasado física e intelectualmente e por volta das quatro horas dessa sexta-feira, já nem conseguíamos programar o sistema de medida automático e corríamos o risco de ter de continuar no dia seguinte, que era um sábado, e, esse atraso, iria complicar parte dos nossos planos de trabalho para a semana seguinte.
Aproximava-se as cinco horas da tarde e estávamos tão absorvido com a nossa última tarefa, quando somos surpreendido com a chegada do tal jovem engenheiro, que, por casualidade, estava de passagem e que logo se abeirou para nos cumprimentar ao mesmo tempo que observava a maquinaria já montada, e, é aqui, que lhe damos a saber do esforço e desgaste que estávamos a ter na parte final do nosso trabalho... Ao perceber o nosso estado de espírito, aquele jovem engenheiro tomou em mãos o pequeno manual e em cerca de quinze minutos, terminou aquilo que nós já não conseguiríamos fazer!... Ficou ainda ao nosso lado a assistir ao arranque da máquina e despediu-se todo sorridente, enquanto dávamos as últimas explicações e entregávamos o equipamento!...
Ainda voltamos mais vezes a empresas nossas clientes nas diversas zonas industriais da grande Lisboa, mas nunca mais nos encontramos! Viemos a saber, que abraçara um novo projecto para que fora convidado e ainda nos recordamos que estaria casado com uma moça holandesa e que trabalharia na embaixada da Holanda em Lisboa...
Ficamos com a certeza, isso sim, de que este jovem engenheiro português, que terá agora cerca de quarenta anos, ou um pouco mais, estará a ter o sucesso profissional que merece, e, não nos larga uma vontade enorme de poder ainda agora repetir-lhe, que temos bem gravado o gesto solidário que teve para connosco e quanto ficamos reconhecido pela sua ajuda. Bem haja!

Etiquetas: automatismos, sector metalúrgico, IC 19, Palmela, engenharia, solidariedade, reconhecimento, Lisboa, Setúbal, embaixadas.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ser ou Parecer!

Mal a 2ª Guerra Mundial terminou repararam-se os muitos estragos daí derivados ao mesmo tempo que era incentivado um desenvolvimento sem precedentes nos diversos campos científicos, que não mais pararia, aproveitando os conhecimentos já adquiridos, sabendo-se que em tempos de paz as condições seriam as ideais para aperfeiçoamentos e para novas descobertas! Era já evidente, que as nações iriam ficar alinhadas de acordo com os seus interesses e conveniências, como sempre acontecera até então , e, por via disso, investiu-se muito em armas para futuras guerras, ou como "medidas dissuasoras", um termo tão do agrado de alguns estrategas militares...
Entretanto, alguns milhões de pessoas e que pertencem a sociedades mais primitivas, nem se aperceberam de semelhante guerra, nem tão pouco da evolução despoletada pelas ciências após essa mesma guerra e não foram só os índios por toda a Amazónia, mas também outras civilizações primitivas e que vivem em ilhas e continentes isoladas do resto do mundo, e, que, ainda hoje, nem imaginam outros mundos financeiros e cotados em bolsa e que suportam arsenais com armas de destruição maciça.
Felizmente, que neste mundo "mais esclarecido" dos humanos, ainda acontece de tudo um pouco e até vamos encontrar quem se "desvie" para objectivos mais nobres, onde o conhecimento é bem vindo e onde se está bem mais próximo da tão ambicionada felicidade terrena!
É ao redor de todo este contexto, que ainda é possível deparar com pessoas bem formadas academicamente e que decidem "cortar" com o "belíssimo futuro" que os seus abastados progenitores lhes haviam reservado a partir de um berço com cores douradas, não permitindo sequer, que, após a sua formação académica, esses seus queridos familiares continuassem a ser os tutores dos seus sonhos...
É assim, que registamos o exemplo daquela jovem, que decidiu autonomamente enveredar pela pesquisa laboratorial e pela procura, algures no fundo dos oceanos para algumas das boas respostas que a ciência poderá vir a dar a toda a humanidade ainda no século XXI!
Também foi gratificante conhecer a decisão daquele outro jovem com pais super-ricos e que decidiu formar-se numa área que o traz permanentemente em contacto com povos e culturas diversas para depois levar às televisões, às revistas e aos jornais de maior renome, os acontecimentos que fazem dele um verdadeiro cidadão do mundo!...
Fazer este tipo de opções, tendo a noção exacta do elevado escalão da sociedade de que faziam parte, não estará ao alcance de todos os mortais! Sabemos pela experiência, que a esmagadora maioria de nós humanos correria atrás de uma carreira de executivo, onde passaria uma boa parte das vinte e quatro horas de cada dia em reuniões fastidiosas para conseguir o êxito em negócios com muitos números, e, onde vale quase tudo, para ajudar a manter um nome que seja conhecido e reconhecido na praça dos financeiros e de preferência com chorudas contas bancárias em off-shores, porque a "esperteza", já agora, deverá ser levada até às últimas consequências...
Estamos a falar de alguma gente, que nada tem a ver com os bons exemplos que mencionámos lá atrás, e, que, regra geral, vem do mundo das dificuldades e que procura dar nas vistas a qualquer preço e se presta a "aplicar" com "empenho", alguns "truques" até à exaustão... Só que a experiência tem mostrado, que, passados alguns anos, uma boa parte destes deslumbrados "sonharam alto demais" e o descalabro foi fatal, mas não haveria emenda possível, porque continuaram a repudiar as suas boas origens, e, nem aceitam, que se lhes recorde, as primeiras aulas em que tomaram parte depois de se sentarem desconfortavelmente nos bancos da modesta escola lá da aldeia, onde aprenderam as primeiras letras e uma tabuada dita e repetida em voz alta por toda a classe, e, sob o olhar sério e quase intimidatório de um velho professor já cansado e à espera de uma reforma que tardava em chegar!...

-Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és!...

Etiquetas: sociedades, sonhos, deslumbramento, fatalismo, aldeias, ciência, progenitores, origens.