segunda-feira, 22 de abril de 2013

No passado sábado (20 de Abril de 2013) fui convidado a participar num encontro/debate, cuja discussão se centrava no projecto Habitovar, uma Cooperativa de Construcção Habitacional sediada em Ovar, cujo início legal remonta já a 12 de Março de 1976.
Devo confessar, que não fui para este encontro com grandes espectativas, nem quanto às presenças, nem quanto às intervenções que ali iria escutar, mas isso também foi um dos motivos porque acedi a estar presente, até porque raramente isto acontece na vida desta cooperativa, porque se fica, normalmente, pelas duas assembleias gerais ordinárias, cuja discussão não tem nada de inovador e é já como que um ritual obrigatório, obrigado pela Lei e pelos decretos.
A primeira impressão já na sala foi que a afluência dos convidados nem era fraca, bem pelo contrário, mas, pareceu-me, uma boa disposição geral e sobretudo vontade de que o debate fosse proveitoso, especialmente para o futuro desta cooperativa, já que, nem por uma vez, se falaria no restante movimento cooperativo, que, penso, poderá a viver momentos difíceis na actual conjuntura política do país e da Europa... Também me pareceu um certo amadorismo - penso que normal - no resumo do que foi e como se processou o ideal que levou ao nascer deste fruto cooperativo... Penso, que foi claro (creio que terá sido sem maldade, claro...) não ter sido dito que estas ideias e posteriores contactos entre pessoas só foram possíveis porque Abril (1974) e o novo regime democrático tinham permitido às gentes deste país organizarem-se para o arranque das Comissões de Trabalhadores e também das Comissões de Moradores nas fábricas de Ovar e nas zonas de residência. Aliás, foi curioso ouvir um pouco mais adiante Guedes da Costa sublinhar precisamente isso, quando nos contava as dificuldades e resistências encontradas pelos trabalhadores de F. Ramada, ainda antes de Abril, assim que se puseram em campo para legalizarem a Cooperativa de Consumo de F. Ramada... Não esteve só em causa o lado complicado das burocracias, naturalmente, mas, porque o regime da época desconfiava sempre deste tipo de palavras com a termonologia de "cooperativa" "popular" "unidade" e, por aí fora, que indiciariam formas de poderes estranhos ao poder absoluto instituído e consagrado pela Constituição Salazarista de 1933. Este foi um factor decisivo - não é um mero pormenor - e é uma falha grave não ser narrado (falado ou escrito) por quem tem responsabilidades na Habitovar!
Pareceu-me também que foram razoavelmente descritas as dificuldades porque passou a Habitovar, já em fase avançada de construcção das diversas tipologias de casa, mas o mesmo não me pareceu no que respeita àquele período difícil e complicado porque passou a Cooperativa, quando resolveu terminar a obra pela adjudicação directa da mesma!.. E não foi uma fase de meses, e, lá está, foi um novo processo a que a Cooperativa se viu sujeita, que nunca teria passado pela cabeça dos fundadores de 1976, que, duma forma geral foram sendo nomeados, nada a dizer, com especial referência para o António Pereira e o Hugo Colares Pinto, não só por terem falecido, naturalmente, mas, porque foram dos fundadores mais idealistas e porque "arrastavam" as pessoas e tinham  dons (que pouca gente refere)... Diz-se que o Hugo C. Pinto, por exemplo, seria um homem com uma certa vaidade, talvez fosse, mas ao mesmo tempo sabia ser humilde, e, sabia como ninguém fazer "pontes", coisa essencial num projecto complexo como foi este da Habitovar! Neste período da administracção directa da obra acho importante referir aqui algumas verdades que quase ninguém gosta de falar e muito menos de admitir, talvez, porque à "nossa boa maneira" temos aquele defeito, que poderá ser genético, sei lá, de misturar tudo num mesmo saco, não querendo admitir, que, se as falhas humanas são válidas e existem, infelizmente é assim, as virtudes e o que transparece daí também não deverá ser branqueado, até porque estaremos a ser não só injustos, mas também a esconder à comunidade esses factos e essas virtudes, porventura mais dignos, de pessoas de quem se comenta apenas como válido o que possa ter sido errado... Estou a lembrar-me de duas ou três profissionais com grandes responsabilidades num desses períodos da nossa Cooperativa e que deram grande contributo à vida diária da Habitovar, numa época em que os dirigentes trabalhavam por conta de outrem, não eram remunerados e não acompanhavam a par e passo o desempenho de dezenas e dezenas de profissionais em obra!... Isto precisava de ser dito e parece-me que há uma certa relutância em fazê-lo, sendo certo que o historial da Habitovar ficará para sempre incompleto.
Assim como também não tem sido referido, que em todo este processo cooperativo no que à habitação diz respeito, foi possível unir em volta da Habitovar um leque alargado de pessoas a morar em Ovar nas mais variadas profissões e proveniências, incluindo até os chamados "retornados" que também não se fizeram rogados e fizeram parte, inclusivé, dos Corpos Sociais da nossa Cooperativa! Lá está, todos estavam irmanados pelo mesmo objectivo, que era poder usufruir duma casa para si e para os seus familiares a custos controlados! 
Já neste último e recente processo da Cooperativa em que se dá a mudança estatutária para uma IPSS pareceu-me que foi feito um resumo mais de acordo com a realidade, talvez pelo facto de se tratar dum período que foi já desempenhado pelos actuais directores cooperativos... Quando focaram o actual momento e o futuro da Cooperativo, pareceu-me ali alguma insegurança, e sobretudo, não vi ideias claras, ou muito claras, quanto ao futuro deste projecto, porque não foi dito claramente o que se pretende, mas percebeu-se que era a viabilidade que estava em cima da mesa. Não é por nada, mas por uma ou duas intervenções fiquei com a ideia, possivelmente errada, que se bateu bastante numa tecla de "olhem para nós", "fazemos parte da cidade" "não nos abandonem", quando preferiria ouvir das necessidades futuras para uma viabilização sem "tremideiras", quanto possível. Não deu para perceber...
Quanto às questões internas afloradas pelo actual presidente e que caíram como um desabafo sem consequências, pese embora ser verdade a falta de apoio e de participação interna, terá muito a ver com este estado geral a que o nosso país chegou e que passa por um enorme desgaste emocional, sem querer esconder algumas querelas individuais e de grupo que foram tendo lugar ao longo da vida desta cooperativa e que ainda persistem, mas que convém fazer com que diluam, porque é um projecto que merece ser continuado e só com a participação dos sócios será possível!
As intervenções dos convidados foram em grande parte positivas e sem citar nomes fiquei com uma ideia de que houve alguma evolução positiva nestas pessoas de fora da Habitovar! Todas viram neste empreendimento cooperativo e agora nesta "soma" IPSS uma obra notável, que começa a ser reconhecida e gostei de ouvir o actual presidente camarário a reconhecer em todo este processo actual uma lisura e transparência que não vê em outras IPSS's! Ora, nos dias que correm, ouvir falar convictamente um alto dirigente local em "Instituição com lisura" deixa-me assim quase sem saber o que dizer!... 
Tive pena de não ter estofo mental pelo adiantado da hora (caminhava-se para as 20 horas) para continuar a "conversa" com todos aqueles amigos, mas se houver uma continuidade, mesmo que interna, poderão contar com a minha modesta presença e ponderada colaboração... E sabem porquê?! Porque percebi, que além de ser um dever meu, tive ainda a possibilidade de recordar coisas e factos que havia quase esquecido, além de "apanhar" outras que nem saberia, nem imaginaria sequer, e, ainda, porque vi pessoas amigas que já não via há algum tempo e outras que me mostraram uma evolução positiva de que nem estaria à espera!
Um futuro risonho para esta HABITOVAR!
 
  
 
 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

RECTÂNGULO ARMADILHADO (2)

  • Assim que se percebe que Abril "arrumara" com extrema facilidade - quase do dia para a noite - o regime de partido único, e, que, pomposamente, se auto-intitulara de Estado Novo durante várias décadas, ficariam no ar várias confusões, que, com o tempo iríamos descortinando... E só por milagre poderia ser de outra forma, porque toda uma vida sem formação adequada no que à política dizia respeito, haveria de criar falhas de difícil recuperação, que foram sobrevivendo no tempo e continuam a pesar bastante na sociedade portuguesa!...
  • Algumas coisas foram feitas no pós 25 de Abril, mas depressa se percebeu, que se começaram a instalar outros interesses a partir do momento em que começava a ser notório, que, alguns partidos políticos, passaram a ser coutadas de certos grupos comprometidos com conhecidos grupos económicos... A partir do início dos anos oitenta, notava-se, que uma boa parte das gentes trabalhadoras, entrara já numa espécie de comodismo, ao "desligar" da coisa pública e limitando-se, em boa medida, a frequentar os actos eleitorais, que, curiosamente, acabavam por eleger sempre os mesmos partidos e uma ou outra cara "nova" com receituário igualzinho, ou, pior ainda, com práticas de governação bastante idênticas e em alguns casos para pior... Entretanto, o mundo financeiro ia sofrendo algumas alteracções e a médio prazo a coisa má aporta por este rectângulo e vem ao de cima todo um cenário de pesadelo, que quase "esmaga" o mundo do trabalho, em contraste com todo aquele mundo de facilidades ostentadas pelos tais grupos de espertalhões, que de forma descarada vêm para as televisões, jornais e revistas, jurarem de pés juntos e mãos levantadas para os Céus da sua "inocência" e do muito que este País lhes ficara a dever...Ou seja, nunca passaria pela cabeça dos melhores cérebros nacionais, que Portugal teria talentos de tamanha estirpe nas áreas da encenação e da representação, do melhor que tínhamos visto em Shaskespeare ou em Godot... Claro, que não se trata de pioneiros na arte de representar, bem pelo contrário, porque sabiam de antemão que o trabalho de sapa, matreiro, já havia sido feito ao longo dos anos e garantia-lhes uma total segurança, que está à vista e que nada de mal lhes iria acontecer...
  • Ao contrário, todos os dias, milhares de pessoas, que dedicaram toda a sua vida a um trabalho de forma digna e séria, vêem-se atirados para o lote da classe dos desempregados, sem saberem como e quando irão sair de tal pesadelo... 

sábado, 26 de maio de 2012

RECTÂNGULO ARMADILHADO!

Já podemos começar por tirar algumas conclusões sobre o nosso país que é Portugal e especificamente sobre as sociedades portuguesas em que estivemos inseridos desde o final dos anos quarenta, mais propriamente desde o pós-guerra (1939/1945).
Éramos um país essencialmente rural e pouco desenvolvido, com quotas elevadas de analfabetismo e de carências várias a que o regime ditatorial não punha mão, por ser excessivamente centralizador, na ânsia de manter um Estado forte (dentro do possível), procurando não largar de mão as suas colónias, coisa que já vinha sucedendo com outras potências colonizadoras europeias. Os resultados dessa política caseira e isolada são sobejamente conhecidos, desde o despoletar duma guerra interna para não perder as colónias e que viríamos a perder à mesma, sem honra nem glória...
No plano interno os orçamentos foram sempre apertados e sem quaisquer necessidade de explicações, porque nem sequer eleições existiam com regularidade e quando as havia, eram completamente manipuladas e em proveito do próprio sistema ditatorial! Era o que mais faltava, uma oposição, qualquer oposição, vir a ganhar umas quaisquer eleições naquele Portugal amordaçado, como já escancararam em livro com alguma propaganda à mistura...
Esta manipulação premeditada deu diversos tipos de resultados, que, com o tempo, foram subindo à superfície, como acontece com o azeite, que, assim que pode, logo se liberta da água!Os sinais exteriores de riqueza não eram muito visíveis, mesmo nas famílias que o eram de facto... Claro, que até teriam o seu automóvel, mas que só retiravam da garagem de onde em onde... Era preciso andar mais uns vinte quilómetros para nos depararmos com outra família aldeã que tivesse um nível equiparado ao da família anterior; estamos a referir-nos a famílias cujo rico património passava de geração em geração, que procuravam investir o menos possível, geralmente com terrenos de lavradio, sempre cultivados por caseiros pobres e dispondo ainda de vários terrenos de pinhal bravio, que iam acumulando com a compra de outros do género, porque os seus donos, geralmente gente pobre, lá iam vendendo quando a necessidade apertasse... O resto da populaça, vivia ou sobrevivia de salários de fome, com a agravante da maioria dos casais ter um número de filhos que em muitos casos chegava aos dez!... Tudo isto nas "barbas" da Igreja Católica que não só aprovava, como ia benzendo com umas rezas pelo meio... Alguma industria, entretanto, iniciava por cá o seu aparecimento, sobretudo vinda dos países da OCDE a partir da década de sessenta e que o regime lá ia aceitando, porque o esforço de guerra era enorme, e, via-se, que ia desfalcar o Tesouro aferrolhado durante tantos anos de míngua!     (Continua) 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

ESPERAR PARA VER!

Passaram trinta e oito anos desde que os militares desapossaram o regime ditatorial que vigorava em Portugal! Depois daquela data foram dados vários passos, uns mais acertados que outros, por sucessivos governos e diferentes chefes de Estado... Um desses passos, nunca referendado sequer, seria a integração europeia, que viria a dar-se ainda nos anos oitenta, culminando mais tarde com a adesão à moeda única europeia no ano de 2001.
Ao chegarmos a Abril de 2012 e olhando para a sociedade portuguesa e até para a Europa, percebe-se, que a partir de 2008, mais precisamente, começaram a surgir problemas sérios na sociedade portuguesa, mas também em vários países europeus!
Não é o único, infelizmente, mas o desemprego, que não pára de aumentar, será sem dúvida a chaga maior, porque atinge toda a sociedade portuguesa, ao mesmo tempo que os governos tomam medidas drásticas e restritivas de redução de subsídios de vária ordem e que não são a solução, porque as falências das empresas não páram de aumentar e não há investimento produtivo. O desemprego é ainda maior nos jovens, uma boa parte com cursos médios e superiores que vao procurando na emigração o tal emprego, que por cá já não conseguem... 
Numa situação destas, nota-se uma grande divisão na classe política e uma grande falta de confiança nessa mesma classe política por parte dos cidadãos!
Chegados aqui, o que vemos?!... Uma classe política, que não assume os erros, melhor dizendo os seus erros, não tem uma visão de futuro que se entenda e se limita a levar por diante as medidas, que uma certa Europa (leia-se Alemanha), lhe vai ordenando em pacotes, sem fim à vista e de cujos resultados muitos duvidam, tendo em vista o que sucedeu na Grécia!
Os cidadãos portugueses sentem o que lhes está a suceder, porque vêem como a realidade tem alterado para pior, mas sentem que não têm soluções e tardiamente acordam como que dum pesadelo. Muitos deles, viveram neste sistema democrático convencidos de que bastaria ir às urnas duma forma regular e que acabaria por aí a sua grande responsabilidade! Uma boa percentagem, nem isso fazia, por razões várias, todas elas pouco condizentes e adversárias dum sistema, que vive e sobrevive melhor ainda, se sentir, que, as suas raízes, vão alimentar-se com regularidade nos espaços em que os humanos se movimentam.
Aquelas ideias feitas mas erradas, que a política só interessa aos políticos e a mais uns quantos, que não têm mais que fazer, só vêm pôr a nu as fragilidades dum povo que foi muito castigado num passado não muito longínquo por uma ditadura matreira e que contou ainda com apoios - ninguém sobrevive isolado - fundamentais, um deles, duma Igreja Católica para quem uma certa ignorância popular daria também muito jeito...
Para o bem e para o mal, os governos comprometeram-se com uma parte da Europa e por conseguinte a situação é bem diferente daquela que existia em 1974! É certo que o projecto europeu ainda está longe de ser concluído - pensamos nós - e mal foi começado, porque ainda as nações e os povos mantêm as suas identidades próprias, ou seja, um alemão é um alemão e um português continua a sê-lo, visto de dois pontos: o histórico e o cultural.
Todavia, por falta de visão política e de algum rigor - pechas visíveis à vista desarmada - o nosso país tem vindo a pôr-se a jeito para que de fora, neste caso da tal Europa mais rica, surjam medidas cada vez mais drásticas e que acabam por castigar uma grande parte da sociedade portuguesa, sabendo-se que uma outra parte se vem preparando para não ser afectada, ou seja, já se percebeu quem não quer alinhar nos sacrifícios!
Neste momento desconhecemos duas coisas importantes e que o futuro não deixará de vir a mostrar com toda a certeza:
a)- Para onde caminhará o projecto comum europeu e como caminhará, para já é uma incógnita...
b)- Que caminhos vão os portugueses e os seus responsáveis seguir no futuro para tentarem resolver alguns dos seus problemas mais sérios!... Será na Europa ou será fora da Europa?!
Vamos ter de esperar para ver!...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

CADA TIRO CADA MELRO!

Não é que não estejamos habituados! Só que não nos conformamos com certas coisas que vão sucedendo dentro deste pequeno país... Toda a gente costuma dizer :« O exemplo deve vir de cima!», como se não pudesse vir também de baixo... O grande equívoco é mesmo esse, porque quase sempre os exemplos apenas vêm de baixo, dos que não ocupam os lugares de maior destaque na sociedade portuguesa!Também será por algum medo, uma certa vergonha ou até falta de oportunidade, talvez, - sabemos isso - mas também por quererem manter o bom nome que têm, seja na família, na aldeia, na vila, no local de trabalho e duma maneira geral na sociedade! E essa forma de estar, merece ser enaltecida, porque começa a notar-se um certo cansaço, alguma impaciência, até porque a comunicação social não pára de divulgar logo nas primeiras páginas dos jornais e revistas de peripécias grotescas, quase aberrantes, porque trazem à tona os tais nomes sonantes da nossa sociedade... E com que exemplos?!
Desta vez mais um caso caricato a merecer a nossa reprovação, porque justamente divulga um comportamento inadmissível de quem já ocupou todos os cargos de maior responsabilidade na vida política portuguesa! O facto de Mário Soares ter sido presidente da República, dá-lhe direitos diversos que os outros portugueses não têm, mas, por isso mesmo, uma maior exigência nos seus deveres, coisa que parece não ter aprendido ao longo de uma vida já um pouco longa!... Ninguém tem o direito de vir para uma auto-estrada rodar a 199 Km/hora e por essa infracção terá sido multado por quem fiscaliza este tipo de comportamento! Mas há mais:- Dizem as autoridades que tomaram as tais medidas drásticas no referido caso, que o senhor em causa terá sido mal educado, na forma como reagiu à multa e que teria mesmo dito que a multa respectiva, punitiva do excesso de velocidade, iria ser paga pelo próprio Estado Português!.. Afinal, há aqui várias falhas deste personagem, a começar pela afirmação gratuita de quem iria pagar a multa respectiva, porque não consta nem podia constar que seria o Estado a pagar multas, sejam elas quais forem, ou será que nem essa regra é cumprida?! É evidente que nos tempos de vacas gordas, o oportunismo campeou a todos os níveis e vai de ceder Mercedes e combustível, chaufer, secretária a tempo inteiro, deslocações e tanta coisa mais pagas do bolso dos contribuintes, mas não iriam prever também as multas, que são infracções!... E isto é tanto mais grave, porque vem de pessoa formada em direito, cá na santa terrinha, mas não vale a pena, porque a vergonha já há muito que não mora cá! Nem é sequer atenuante, dizer que vinha para uma reunião importante para o Porto, que estaria atrasado e que dera ordens ao motorista para "apertar" com o Mercedes, que pelos vistos estará matriculado no Ministério das Finanças... Isto só agrava e não desculpa, porque se saísse uma hora mais cedo não teria tido necessidade de mandar "apertar" daquela forma com o Mercedes que pertence, afinal, ao Estado de todos os Portugueses!...
Quero acreditar, que nem todos se portarão com tamanha arrogância, mas fico a pensar que tivemos um grande azar de não termos por cá homens com a dimensão dum Nelson Mandela, que quando viajava ao serviço do Estado Sul-Africano ia ao ponto de fazer a cama do hotel em que pernoitava... Fazia-o, devido ao hábito que adquirira nos vinte e seis ou vinte e sete que levara de prisão - era a explicação que dava Mandela - mas que se saiba, também não houve portugueses presos no tempo da ditadura?!...
Vamos procurar melhor e com mais afinco até encontrarmos por cá outros e melhores exemplos, mas até agora não temos tido grande sorte, porque tem sido:- "Cada tiro, cada melro!"

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ALGUNS VÍCIOS QUE RESISTEM NA CABEÇA DOS PORTUGUESES!


Não há um consenso generalizado... Entre os que conhecem a história e a nossa sociedade, uns dizem que sempre fomos um povo que soube dar a volta nas horas mais difíceis e apontam até exemplos diversos, de alguma heroicidade, enquanto outros, lá vão dizendo que isto já não é novidade e que volta e meia lá caímos em situações pouco recomendáveis, confusas e até conflituosas, mas que acabam por ser ultrapassadas, com esta ou aquela ajuda externa, só não dizendo nunca, os custos que foi preciso pagar, como se não fosse coisa relevante... Claro, que foi e será sempre relevante e qualquer criatura com os pés assentes no planeta sabe, que nas contas do deve/haver, todos os países querem ganhar para si os louros e os proveitos e quem determina na maior parte das vezes será aquele que estiver na mó de cima!... Nunca nenhum estadista cá do burgo se deu ao cuidado de nos informar acerca do deve/haver dessa tão apregoada aliança com a velha e matreira Inglaterra, mas, o que se ficou a saber com o célebre mapa Cor de Rosa, ali por meados do século dezanove, onde "reza" o essencial duma amizade fingida e interesseira, porque nós, os portugueses, podemos não ser o melhor povo do mundo, mas temos insatisfação e audácia que até daria para vender aos ingleses, mas estes, que sabem usar melhor a cabecinha para raciocinar e só depois agir, mesmo que seja para tramar o seu amigo, preferem ficar à espera, que os abnegados portugueses ou outros avancem, esperando de seguida pelo momento mais oportuno para aparecer e dar o golpe fatal... Ainda há pouco, tem ainda poucos anos, quando acenaram aos deslumbrados novos dirigentes portugueses com a possibilidade de entrarmos na dita CEE, nem quiseram pensar duas vezes e muito menos auscultar a opinião dos restantes portugueses, apressando-se a dar o SIM, como se fôssemos descobrir novos caminhos, agora para a Europa dos países mais ricos e onde mais uma vez iríamos encontrar os velhos e "amigos" ingleses, que, como todos sabemos, até quiseram ficar de fora do euro, deixando vir ao de cima, mais uma vez, toda a sua astúcia de mercantilistas... Não era novidade, que sempre padecemos de alguns tiques, mas, desta vez, chegamos a crer que iríamos pôr de lado alguns dos defeitos mais graves com a chegada de Abril!... "Santa ingenuidade a nossa", aliada à falta de experiência, porque uma data tem o seu valor histórico, mas nada mais que isso... Regra geral, os portugueses gostam de se iludir com as aparências e se for alcançado um lugarzito na função e que dê alguma visibilidade, tanto melhor, porque o mais difícil foi dar início a uma caminhada com que nem sonhariam, mas se apareceu, vão aproveitá-la de imediato, mesmo que nem sequer haja mérito, há que desfrutar e ficar com muita atenção, porque poderá surgir de seguida um lugarzinho um pouco melhor, sendo certo que os amigos A e B não deixarão de dar uma mãozinha nesse sentido!... A regra terá sido essa, porque se o país está a ser bem conduzido ou se vai a caminho de se estatelar num grande buraco não vem para o caso, porque todos os cinco sentidos estão apontados na tal carreira individual de sucesso!... Ou seja, a táctica individual - se é que havia táctica - pode ter começado um pouco por baixo no organigrama, mas, espera-se com sofreguidão uma e mais subidas, que seria bom não estacionar como deputado de um parlamento, que "foi chão que já deu uvas" - pensam os espertos - e no mínimo dos mínimos chegar a ministro, e, dali é só mais um "pulinho" para gestor dum dos grandes bancos ou das grandes empresas por cá sediadas... Um caminho diferente, ainda não foi feito nem sugerido para senhores tão "eruditos", talvez, por se sentirem solidários por um provérbio popular português que diz textualmente :« Para trás mija a burra!...» Estes senhores, todos sem excepção, vão morrer sem perceber o essencial e que desprezaram com todas as forças que tinham ao dispôr, apesar de disporem de tão boas oportunidades para deixar bons exemplos a um pequeno país como Portugal e que deles (bons exemplos) necessitava como do pão para a boca... Como foi possível, termos tido vários presidentes, milhares de deputados, ministros e presidentes de Câmara, que nunca se esqueceram de esgotar os mandatos como aponta a Constituição, e, no final desses mandatos, não haver um sequer, que se tenha oferecido para se candidatar desta vez ao cargo mais humilde de Presidente de Junta da Freguesia onde reside ou mora!... Isso não irá acontecer nunca, porque mora dentro deles uma sofreguidão permanente para o protagonismo, que domina a sua mente mesquinha e vaidosa, que gosta pouco de regras - regras sim, mas para os outros - nem quer conhecer limites para a decência, mas que apreciam saborear hipocritamente os ALTRUÍSMOS do nobre povo, e, que ainda por cima, se comportam nos piores mentirosos do mundo, vasculhando todos os argumentos justificativos com o fito de enganar os menos avisados, e baralhar, se possível, os mais avisados... Por todos estes motivos, não será de prever para este belo país um caminho de felicidade possível, porque até a ESPERANÇA necessita de exemplos práticos, mas credíveis, coisa impensável nas cabeças de pessoas que à primeira ou segunda oportunidade se deixaram vencer pelos vícios e no desprezo consciente pela ética e pelos juramentos de fidelidade!


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

BARALHA-SE COM QUE OBJECTIVOS?!...

De acordo com o que tem sido escrito, ficamos com diversas ideias acerca deste povo a que pertencemos e a que não podemos dar o estatuto de jovem, porque as afirmações apontam para a bonita idade de quase novecentos anos e porque há documentos históricos que garantem termos tido esse passado histórico... Qualquer português interessado poderá conhecer os grandes momentos históricos e os piores também, porque os houve, apesar de haver muito boa gente que procure escamotear essa vertente, talvez, porque não dê lá muito jeito reconhecer erros e repetição de erros, que, ao fim e ao cabo, acabam na maior parte das vezes em prejuízo próprio e o que é pior, em descrédito perante os outros povos, que também terão a sua própria história, uma vez, que, só o facto de possuirem uma língua, personifica que terão também um passado mais ou menos longínquo, mais ou menos feliz ou conturbado... Os mais qualificados acham bem e acham até necessário, que se vá à nossa história colectiva para se compreender o que se fez de bem ou de errado, para de seguida saber quais as atitudes a tomar nos tempos que correm, mas também é verdade que não se pode nem se deve escolher fórmulas aplicadas em séculos passados para serem agora seguidas, num tempo tão diverso como o que estamos a enfrentar!... Uma boa parte de quem escreve e fala tece rasgados elogios à forma de estar e à forma de ser dos portugueses, garantindo que possuem bons valores e que até serão reconhecidos lá fora, nos países de acolhimento, e, citam até exemplos diversos, que justificam essas apreciações positivas! Claro, que há os menos optimistas e que não deixam de apontar e exemplificar com outras práticas, que fazem de nós um povo que ainda recorrerá bastante e por conveniência à mentira e à hipocrisia... Isto não será de agora, ou seja, não teria surgido com Abril, nem com o regime democrático, porque já por cá viveriam instalados e acompanhariam os sistemas políticos que nos antecederam, ou seja, o Estado Novo bem como o regime absolutista de reis e rainhas, onde só uma minoria terá exercido a sua função de forma a que pudéssemos catalogar de bem conseguido, se estivermos a analisar um desempenho pelo bem comum, coisa muito rara para quem nunca governou a pensar na arraia miúda, que era o povo... Por esse lado, as coisas mudaram bastante com a república e em pouco tempo, se tivermos em atenção as centenas e centenas de anos do tempo da monarquia em que nada mudava para quem tinha a condição de servo da gleba, um estatuto muito idêntico ao da escravatura com que outros povos se confrontaram até meados do passado século... As amplas liberdades democráticas por cá vitoriadas e gritadas após a revolução dos cravos, foram como que o limite conseguido com a democracia, esse sistema político, que já não é assim tão novo, porque terá sido obra dos gregos na antiga Grécia... Ou seja, o sistema democrático também terá a pretensão de agradar a gregos e a troianos e também será por aí que nem sempre tem tido muito bons resultados com as consequências conhecidas, até mesmo cá, neste país de brandos costumes... Actualmente, vivemos num sistema político que é ainda democrático, mas com alguns constrangimentos, que encaixam mal e que baralham muito a cabeça dos cidadãos!... Estes exemplos vêm das diversas áreas e não se pode dizer com certezas absolutas, que é mais grave na Justiça, mas o que podemos afirmar é que se vê a olho nu, que há uma justiça a funcionar com muita desigualdade, em que os mais poderosos sabem que têm as leis feitas à medida do seu poder económico!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A LISTA DE SHINDLER E OS INOCENTES!...

Ontem tivemos um dia chuvoso, frio e triste... Para cúmulo os ventos agitaram o arvoredo com as suas fortes rajadas, e, se dúvidas houvesse, nota-se que o Outono/Inverno serão as novas estações e pelo que já deu para ver, teve início uma das suas missões para além deste tempo instável! Referimo-nos à tarefa de todos os anos, em que, dia após dia, vão-se desprendendo ou dando uma ajudinha para que as folhas e folhinhas das árvores e dos arbustos amarelecidas ou de outra côr mais berrante, dêem origem a um espectáculo, que uns humanos gostam muito e aceitam como natural, ao invés de outros, que dão mostras duma raiva acelerada, porque não vêem com bons olhos, que as folhas acabem por vir "sujar" as áreas em que se movimentam e que têm como suas... Enfim, os comportamentos diferem de pessoa para pessoa, como já vimos registando de há muitos anos a esta parte, não deixando de ser bizarro, esta coisa de embirrar com a própria Natureza!... Não poder andar pelas ruas, levou-me a optar pelo cinema e desta vez decidi-me a ver pela segunda vez "A Lista de Shindler", um filme que veio mostrar uma outra faceta no interior do regime nazi... Trata-se da cumplicidade de empresários, que, filiando-se no partido nazi, debaixo dessa capa protectora, fizeram fortunas colossais ao usufruirem de mão de obra escravizada, ao mesmo tempo que subornavam altas patentes nazis e conseguiam ainda outras benesses... Este Shindler, que seria de ascendência checa, viria a ter um duplo papel, conseguindo em diversos casos, evitar que o genocídio fosse ainda maior, ao evitar que um número considerável de judeus "acabasse" nas câmaras de gás e nos fornos crematórios... Não se trata propriamente de um inocente, mas as suas atitudes um tanto ambíguas, deixaram transparecer para o final um arrependimento sincero, que comoveria os próprios judeus... Já depois de terminado o conflito com a derrota nazi, Shindler continuaria a sua missão de empresário, sem grande sucesso, diga-se, e viria a falecer em 1974! Diz no filme, que os judeus continuam a passar pela sua campa em sinal de reconhecimento, mas há que ter algumas cautelas ou reservas em relação a estas biografias passadas para a tela, porque verdadeiramente inocentes foram todos aqueles que foram roubados à sua Liberdade e a seguir mortos, sem a menor contemplação pelo regime hitlariano de ocupação e independentemente de serem judeus, ciganos ou de qualquer outra origem ou credo!... Quanto aos demais, ninguém estava inocente!



sábado, 20 de agosto de 2011

INTERESSA É CAÇAR! SE O GATO É PRETO OU BRANCO NÃO INTERESSA!...

É indiferente caçar com um gato preto ou com um gato branco!... É um facto, que a cor não influencia o acto! Terá sido a partir da aplicação deste entendimento, que um conhecido dirigente chinês terá engendrado as suas tácticas, que viriam a impôr um novo rumo político ao seu país, depois de décadas e décadas de lutas internas, com avanços e recuos - mais recuos que avanços na óptica dos analistas - que dificultaram a escolha dum melhor caminho e das melhores soluções, de resto não podiam contar com as ajudas vindas do exterior, à espera e desejoso de aplaudir o insucesso dum novo sistema como aquele que se pretendia implantar na nova China!
Resumindo, sabe-se muito melhor hoje, que as novas medidas encontradas no plano interno por Deng Xiao Ping levaram a sociedade chinesa a desdobrar-se como pôde para conseguir outros padrões de vida e "caçando" das formas possíveis, pondo para tal a imaginação a inventar! O importante foi passar a produzir mais, e, reinventando, mesmo que fosse necessário alterar regras e pôr de lado os princípios rígidos que estiveram na base da Revolução Cultural que tanto eco alcançaram na juventude dos países ocidentais!

Seguiu-se um forte crescimento económico a partir do final dos anos oitenta e que teve continuidade mesmo depois da morte daquele líder chinês, ao mesmo tempo que uma boa parte dos países ocidentais conheceria pouco depois um retrocesso acentuado nas suas economias a começar pela economia norte americana, que devido ao despesismo bélico em que se tem vindo a meter, aliado a outros problemas de origem interna, é já o país mais devedor à face do planeta! Ao mesmo tempo, alguns dos países da zona euro como Portugal, chegaram a uma posição pouca cómoda em especial devido ao forte desemprego e pela concorrência desleal dos países com economias fortes, como a chinesa e outras da zona asiática... Como foi possível chegar aqui, é a pergunta que todos fazem, convencidos que há responsáveis, que, numa altura destas nem aparecem, e, se aparecem, será para dizer o que mais lhes convém... A partir do início da década de noventa, muitos empresários ocidentais levaram as suas empresas para a zona asiática, sobretudo para a China na mira dos lucros fáceis, a galinha dos ovos de ouro, que era o que estava a dar!... Era longe mas compensava, porque os salários eram muito baixos e as regras de trabalho que existiam nos países ocidentais, como férias pagas, 13º mês, direito à saúde e direito à reforma, ali nem sequer existiam... Foi bom para a economia chinesa, naturalmente, também foi bom para alguns milhões de chineses que enriqueceram e nem foi bom nem foi mau para muitos milhões de chineses, que, se deixaram de passar fome durante vários anos, vêem-se agora novamente sem emprego e com a fome a bater-lhes de novo à porta, porque milhares e milhares de fábricas fecharam, assim que os empresários ocidentais viraram as costas assim que a recessão falou mais alto e deu lugar às falências...

Inventaram o nome pomposo de Globalização para este período, que mais não é que a face negra de um capitalismo selvagem, porque retrocedeu no tempo e numa altura em que a tecnologia é de facto muito avançada e só uma íncorrecta gestão do sistema poderá explicar... Entenderam andar aos zigue-zagues, convencidos de que a seguir à queda do sistema soviético no final da década de oitenta, ficariam sòzinhos e vitoriosos para decidir a seu bel-prazer e meter na ordem e pela força quem ousasse discordar!... Afinal, num curto espaço de tempo, fartaram-se de fazer para desfazer de seguida, tomar medidas mais erradas que certas e até acabaram por cair na cilada que Deng Xiao Ping havia montado apenas e só para a China, com o único intuito de conseguir o básico, que seria dar de comer a mais de um bilião de chineses, porque na época referenciada havia chineses a morrer à fome!

Seria assim tão difícil de perceber, que, ao colaborar com aquela prática chinesa, iriam apenas e só ajudar e dar força a um sistema já desacreditado internacionalmente, por negar há largos anos os elementares Direitos do Homem ao povo chinês?!... De facto, só a ganância cairia numa armadilha destas! (Continua)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O QUE NOS INQUIETA NO RIO MAU DE HOJE!...

Andei a adiar, mas algum dia lá teria de ser!... Podia não tomar a iniciativa, deixar o pequeno barco rumar para onde corresse o caudal de suas águas doces - por enquanto ainda doces - e os ventos mandassem, mas esse comodismo, esse relaxe, não casam lá muito bem com a minha maneira de ser e de estar nesta vida, que foi a única que conheci, por não ter tido outra...
Mas vamos ao que importa: «... É já um hábito, que se tornou comum em muitos riomauenses, desabafar com justificada alegria - nota-se e vê-se nos olhares - que Rio Mau foi no passado e é ainda hoje um Alfobre de Talentos!... Curiosamente, logo de seguida, ficam-se por aí, como se o dever fosse cumprido na íntegra e como se não houvesse mais nada a fazer... Numa sociedade aberta e plural como é aquela em que vivemos, isso não chega e é mesmo insuficiente ficando àquem, muito àquem dos mínimos aceitáveis... Nestas coisas não há regras bem definidas, mas somos levados a pensar, que não sendo por mal que estas coisas acontecem, tem como resultado um desleixo cultural que causa calafrios só de pensar nos efeitos negativos que resultarão para o futuro cultural destas gentes, que há algumas centenas de anos por aqui se foram instalando, por entenderem que seria no sopé desta bendita serra da Boneca que seriam capazes de criar as condições necessárias à continuidade das suas vidas e que valeria a pena todos os sacrifícios!...

Hoje, todos sabemos, que, sem facilidades, Rio Mau se foi transformando ao longo dos tempos e que suplantou mesmo freguesias à sua volta com algum gabarito e que reparavam na pequenez física de Rio Mau com algum desdém... Estas coisas acontecem com toda a normalidade sem ninguém as assumir, serão próprias de bairrismos, que, se não forem exacerbados, não trazem qualquer mal ao mundo e até ajudarão a adquirir um certo brio colectivo, que, de outra forma, nem seria fácil de arranjar!

Voltando ao tema, que reputo de transcendente importância, para vincular a opinião de que o reconhecimento público das figuras riomauenses, que se destacaram na cultura e no desporto no passado ainda recente, merece outra visibilidade, que não esta que tem sido dada, que me parece um tanto tímida e insuficiente... Sem ofensa e porque gosto de ser justo, parece-me, que na nossa linda e próspera aldeia se esqueceram ou puseram de lado os padrões de grandeza de outrora para se assimilar, ou se nivelar, pelos valores de grandeza de aldeias vizinhas que vigoraram no passado e que conhecemos melhor!...

A minha grande preocupação - poderá não ser só minha - reside no facto de perceber, que, este contágio negativo, irá passar para a actual e futura gerações, embora tenhamos também a certeza, de que aconteça o que acontecer, nada nem ninguém, poderá impedir Rio Mau no futuro de continuar a ser um Alfobre de Talentos!»

Nota: Este texto é uma cópia do que publicamos no Mural de Rio Mau em Movimento.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"OS ESPECIALISTAS"!

A informação falada e escrita ocupou sempre um lugar de destaque e que foi ganhando mais visibilidade à medida que as sociedades foram evoluindo no conhecimento e na forma de comunicar! Neste campo a evolução chegou a níveis, que, há vinte, trinta anos atrás não era imaginável... Se acrescentarmos, que nos próximos dois anos vamos ter acesso a um telemóvel, que mais parece uma pequena folha de papel, que só consumirá energia quando for utilizado e que até vamos poder guardar no interior de um livro, só vem confirmar que nesta área as invenções estão a suceder a um ritmo louco...
Ao mesmo tempo o outro mundo dos humanos não deixa de surpreender e não querendo ficar para trás, acomodado ao tradicional, não só resiste, como vai inventando umas novas formas de chamar a si as atenções das novas sociedades, ao atraí-las para as novas formas de informar! Assim, têm vindo a descobrir, que é de todo aconselhável dar resposta aos constantes desafios que surgem de todos os lados e a todas as horas... Talvez por isso, têm aparecido espalhados pelos vários orgãos da comunicação social uma camada muito razoável de comentadores, de ambos os sexos e a quem já outros apelidaram de "ESPECIALISTAS", uma vez que é nessa qualidade que abordam qualquer tema que lhes é colocado...Vão-se repartindo pelos vários canais televisivos durante os dias de semana, e, é quase certo, que terão copiado pelas televisões de outros países, porque, regra geral, é isso que acontece e, não é de crer, que surgisse desta vez a boa nova!


Entretanto, no meio de tantas análises e de "tanto saber", é muito estranho que nunca tivessem previsto alguns dos factos que ocorreram cá dentro de portas e também lá fora:


a) A grave crise do sistema que começara nos Estados Unidos (subprime) e que de seguida afectaria a Islândia, que era considerada uma economia até muito estável e um pequeno oásis, lá bem no norte europeu...


b) As recentes convulsões nos diversos países do Norte de África com os seus povos a pretender afastar ditaduras com mais de trinta anos e que pareciam estáveis...


c) A grave crise económica e financeira que se abateu sobre o nosso país a partir de 2008 e que foi responsável por um record histórico no desemprego de que não havia memória!...


Não dá para perceber como estes "especialistas" com chorudos vencimentos e que fazem questão de ter a resposta que mais interessa espalhar para a opinião pública, se vêem ultrapassados e desacreditados assim que os factos se tornam indesmentíveis! Não farão parte de um jogo em que o essencial será previamente acertado?!...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A Bela Cidade da Boneca em 2063!

Este empreendimento mineiro na serra da Boneca conta com um efectivo de trabalhadores que oscila entre os trezentos e os quatrocentos trabalhadores... Esta média de trabalhadores directos tem vindo a manter-se desde 2016 e esta estabilidade teve como consequência um crescimento económico e populacional, que a região nunca conhecera no passado, e, sabe-se, que foram criadas à sua volta, outras pequenas empresas na área dos transportes, metalurgia, restauração e serviços!
Por falarmos na região, há aqui um dado curioso, que convém não esquecer e que é muito comentado pelas populações ribeirinhas... No século passado, as minas de carvão do Pejão, eram o grande empregador de grande parte da mão de obra das populações da margem esquerda e direita do rio Douro; esta realidade fazia com que a mão de obra oriunda de Melres, Rio Mau, Sebolido e de outros lugares, tivesse de atravessar diariamente o rio Douro. Após o fecho daquela empresa mineira em 1994 e com a abertura das minas na Boneca em 2012, passou uma boa porção de trabalhadores de Pedorido, Oliveira do Arda, Folgoso e Raiva a ter de atravessar o mesmo rio, porque a situação se invertera... Quem havia de dizer!

Na base da serra da Boneca as transformações ao nível do urbanismo foram tomando uma forma dinâmica, que já vinha de trás, quando em 2012 se fundiram as duas freguesias numa só, para dar cumprimento ao novo decreto, que apontava para a extinção do número de freguesias. Nessa altura a nova freguesia da Boneca foi consensual, por corresponder a uma realidade visível no terreno, já que se tornara muito difícil distinguir, onde terminava exactamente Rio Mau e começava Sebolido... E a serra apresentava-se como uma solução que vinha unir e não o contrário!

Era inevitável, que a nova e grande freguesia da Boneca iria sofrer um grande impulso e crescer para o único sítio possível, entre as proximidades do pequeno rio Mau e o lugar de Moreira, um pouco afastado para oeste e pertença já do concelho de Gondomar! O imenso e ordenado casario que em 2028 era já ali bem visível, era fruto da solidez que a empresa mineira em boa hora viera proporcionar a esta boa gente do Baixo Douro!

terça-feira, 5 de julho de 2011

A BELA CIDADE DO DOURO EM 2063! (4ª Parte)

Este projecto mineiro na serra da Boneca para ser rentável, previu logo à partida um conjunto de situações, que seriam aceites pelas partes envolventes e que pouco ou nada tinham a ver com outros projectos mineiros conhecidos e de que restam ainda algumas memórias... Desde logo, porque os processos de trabalho não seriam os mesmos que foram utilizados nesses tempos, devido às tecnologias introduzidas e que possibilitarim a introdução de máquinas sofisticadas, com capacidade para romper nas galerias sem ter que recorrer aos ancestrais processos do dinamite, que tinham inconvenientes vários, sendo de destacar um dos principais e que dava origem à Silicose, a doença mais grave neste género de indústria, que derivava da falta de boas práticas de segurança e que foi responsável pela morte prematura de milhares de mineiros no século passado!...
Isto significava também uma maior produtividade, já que era possível, aplicar nas várias frentes outras tantas máquinas, que trabalhando de forma autónoma, durante horas seguidas, e, que, só paravam, para que os operadores tomassem as suas refeições, trocassem de turno, ou ainda para as necessárias revisões às máquinas perfuradoras e obrigatoriamente às pastilhas de corte.

As velocidades de progressão destas máquinas circulares eram feitas de acordo com a dureza das rochas e dos minérios a elas associados, mas eram manobradas por operários especializados, quase todos portugueses, mas também de outras nacionalidades, europeia e sobretudo asiática, confirmando desta forma a tão discutida e apregoada globalização!...

Convém referir, que todo o pessoal contratado e com ligações à produção, trabalhava no sistema de laboração contínua, uma nova forma na indústria extractiva, porque outro sistema não seria sequer aconselhável, uma vez que quase toda o minério extraído seguia por barco com capacidades que rondavam as setenta mil toneladas e que aguardavam algumas semanas à carga no porto de Leixões, à espera que barcos de menor calado completassem a sua carga, numa tarefa de vai-vem permanente entre a Foz do rio Mau e o maior porto artificial do norte. Esta tarefa fazia com que três barcos de igual capacidade estivessem destacados para esta tarefa marítima entre o nosso país e a República Popular da China... O contrato também previa, que aqueles cenários degradantes de entulheiras, tão comuns junto das explorações mineiras não tivessem lugar neste empreendimento!... Todos estes desperdícios eram aplicados nos mais diversos projectos, desde estradas, pontes, edifícios, obras de defesa da costa marítima e em outros projectos similares. Estas rochas já trituradas, saíam para o exterior das minas através dum segundo Poço Mestre, para não colidir com a produção de minério propriamente dita, que saía pelo Poço Mestre de maior visibilidade e interesse, por ser dali que saía o minério bem mais valioso! (CONTINUA)



segunda-feira, 20 de junho de 2011

A BELA CIDADE DO DOURO EM 2063! (3ª Parte)

Este género de empresas mineiras requer sempre aqueles grandes cuidados, tendo em vista as questões de segurança e ainda todo o tipo de procedimentos, para que os terrenos envolventes e os cursos de água não sejam contaminados pelas águas residuais, que acabam por ir parar aos rios e invariavemente aos mares, que são o último refúgio das malfeitorias "cozinhadas" pelos humanos... Daí, que no século passado, ainda tão recente, vamos deparar com tão maus exemplos de que só tiramos o "benefício" único, mas, já agora, proveitoso, de não repetirmos os mesmos disparates relativamente ao ambiente!... Chama-se a isto, aprender com os erros, ao mesmo tempo que no terreno eram aplicadas as normas da Comunidade Europeia, bem mais seguras que as lusitanas...
A Administração chinesa entendeu, desde o primeiro dia, que assim é que tinha de ser e todos se congratularam com as primeiras medidas tomadas pela fiscalização mineira que superintendia neste projecto!... O desmantelamento do aterro sanitário foi a primeira acção, ainda o ano de 2012 não tinha chegado ao fim e esse seria o primeiro benefício a ser festejado pelos habitantes de Rio Mau, e, mesmo os meios de comunicação social, incluindo as televisões, viraram para aqui as suas câmaras e holofotes, coisa nunca vista pela pacata Boneca... Mas, os ambientalistas eram aqueles que mais "ruído" transmitiam, por considerarem uma vitória para a qual tinham contribuído como mais ninguém!... Enfim, "presunção e água benta, cada um toma a que quer"... De seguida, algumas das torres Eólicas seriam desviadas, não por serem poluentes, nada disso, mas porque ocupavam terrenos da companhia mineira e houve necessidade em separar os dois projectos, por forma a evitar futuras quezílias.

Na época, causou algum espanto e era tema das conversas em ambas as margens do Douro o facto de serem os chineses a pôr mãos à obra neste empreendimento mineiro da Boneca, porque associavam os chineses mais às questôes ligadas aos têxteis e lanifícios, que era a prática mais corrente e mais conhecida deste povo oriental, e, era suposto, que, nestes assuntos da indústria teria mais cabimento ver "meterem-se" os europeus, designadamente os belgas, ingleses, alemães ou franceses, que, habitualmente, lideraram com algum sucesso, este tipo de negócio por estas bandas da Europa!... (Continua)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A BELA CIDADE DO DOURO EM 2063! (2 ª Parte)

As pesquisas e consequentes análises em vários pontos da Boneca teriam durado cerca de dezoito meses, ou seja, no final de 2012 a equipa técnica chinesa - que tinha tido a preciosa colaboração de operários portugueses já especializados em serviços de pesquisa mineira - havia já adquirido um conjunto de informações, que garantiam um sucesso para uma futura exploração, nunca inferior a cinquenta anos... Isto, porque o filão de minério assim o determinava, embora os novos métodos de trabalho na rocha fossem substancialmente diferentes daqueles praticados nas minas deste país durante o século passado.
Entretanto, havia uma surpresa que não teria escapado nas análises laboratoriais!... Para lá dos minérios já constados, surgia em percentagens mínimas um outro minério, muito raro, e, que teria uma dureza, quase equivalente ao diamante e bastante superior ao volfrâmio! Soube-se, uns anos mais tarde, que a existência deste raro e precioso minério, havia determinado a decisão final dos chineses por estas minas, porque necessitavam de o incorporar em novos processos tecnológicos, que nem sequer tinham começado a desenvolver-se no Ocidente e se o não fizessem, corriam o risco de ver um outro país vir a apossar-se duma matéria prima de inquestionável valor!... Enfim, mistérios duma nova China, que ainda há algumas décadas atrás se debatia com sérios problemas internos, e, que, na época, procurou encontrar possíveis saídas, através da implementação de uma Revoluçã Cultural de que não iriam resultar as perspectivas esperadas, e, que, no final, iria deixar brechas e divisões profundas entre os principais dirigentes chineses daquela época! (Continua)

terça-feira, 7 de junho de 2011

A Bela Cidade do Douro em 2063! (1ª Parte)

Atingimos o ano de 2063! Há pouco mais de cem anos, não houve capacidades, nem sequer as engenhosas, para prever para esta margem do rio Douro um volte-face, que viesse provocar as profundas alterações necessárias e capazes de tornar o pequeno lugar de Rio Mau nesta pequena cidade, que, agora se chama Boneca do Douro, e, que, já terá ultrapassado os cinquenta mil habitantes!... Esta projecção, que lhe advém do facto de se ter tornado num dos principais pólos industriais e mineiros do norte e com reflexos na economia do país é uma verdadeira história de sucesso, que, não é assim tão velha quanto isso, mas que se desenvolve num ritmo acelerado, depois de décadas de alguma estagnação, aliás, coincidente com o fraco ritmo a que o país se sujeitava...
O nome da aldeia ainda existe e ficará para a história destas gentes, assim como Sebolido não desapareceu pelo mesmo motivo, porque a junção das duas freguesias resultaria na actual cidade que se chama "Boneca do Douro" e ficaria a dever-se à necessidade de ir ao encontro da nova legislatura, que apontou para uma redução do número de freguesias no ano de 2012, quando o país passava por mais uma grave crise económica e financeira.
O que se passou de concreto e que esteve na base desta soberba transformação?!
É costume dizer-se que não há milagres gratuitos nem espontâneos, e, que, só acontecem, quando as mentes se conjugam no mesmo sentido, que, ao que parece, terá sido o caso...
Passemos então à verdadeira história:
«- As redes sociais suportadas pela Net divulgavam e uniam mesmo as pessoas por todo o planeta à volta dos mais variados temas, e, há quem afirme, que teriam estado na base da queda de governos e até de regimes, e, apontam mesmo alguns dos países do norte de África e do Médio Oriente, tudo isto enquanto decorria o ano de 2011... E é precisamente aqui, com um cenário destes no plano internacional que tudo terá começado, quando três riomauenses decidiram trocar algumas informações e ideias através da Net. Recordavam e relembravam uma hipotética exploração mineira na serra da Boneca, que, apesar de não ter ido avante, ainda nos alvores do século XX, teria deixado algumas certezas de ali ter existido sinais claros de minérios como o ouro, a prata, o cobre, o chumbo, o estanho e o zinco, embora não fossem conhecidas as proporções, que, são sempre uma boa base para uma possível exploração.
Por essas alturas a economia chinesa começava a dar alguns sinais de abrandamento, mas estavam atentos aos sinais vindos do exterior, em especial da Europa, e, ao descodificar a troca de mensagens dos riomauenses, admitiram poder estar perante um caso de real interesse para os seus propósitos políticos e industriais...
Por estas paragens do Douro, causou um certo assombro ver nos meses que se seguiram, um grupo de técnicos chineses, devidamente autorizados, instalarem-se nas proximidades da linda serra da Boneca com o intuito de tirar a limpo o que haviam descodificado na Net... Vinham bem equipados para a missão e dispostos a fazer o que fosse necessário para que no final, não restassem quaisquer dúvidas! (Continua)


segunda-feira, 30 de maio de 2011

RELEMBRAR AS AVES É VOLTAR AO PASSADO!... (2ª Parte) ...

Não deixa de ter a sua graça!... Enquanto uma parte dos humanos não faz os trabalhos de casa, inventando algumas desculpas, que, nem aos próprios convencem, outros seres continuam fiéis às tarefas que sabem ter de executar. É o caso deste casal de melros, já adultos, com pelo menos um ano de idade, já o mês de Maio se aproxima do seu termo e que lutam com a determinação que herdaram para levar adiante o compromisso sério de fazer o seu ninho, colocar lá os ovos possíveis e duma forma continuada, passar ali uma boa parte do dia e da noite, durante cerca de duas semanas, para que o calor "emprestado" resulte na continuação da espécie!... Tudo tão simples, afinal, assim à primeira vista, dirão os mesmos humanos, que tantas vezes complicam o que parece fácil, porque se tornaram hipócritas e egoístas em demasia, ao ponto de já há muito passarem a fazer parte do problema, que uma outra parte da sociedade luta por resolver seriamente!...
Voltando ainda ao mundo fabuloso das aves, onde o nosso casal de melros se insere, para constatar os diálogos que temos vindo a observar entre eles, por todo este pinhal de proximidade, mal o dia começa a despertar e que perdura até ao final do dia, assim que a noite começa a dar sinais de querer instalar-se... São diálogos que se mantêm durante manhãs e tardes inteiras, separados por dezenas de metros em que as posições vão mudando consoante as necessidades, mas, curiosamente, todos se entendem, apesar dos diferentes chilreios, próprios dos grupos a que pertencem. Ou seja, aquilo que para nós humanos parece uma grande algazarra e no fundo uma grande confusão, não será para esta passarada, que, decifra correctamente a mensagem do interlocutor, para, logo de seguida, iniciar uma resposta pronta, que, por vezes, necessitará de uma troca de posição na referida árvore de acolhimento... Mas, isso é coisa simples, para quem tem tanto prazer e facilidade em voar, rodeado que está de um razoável e diversificado arvoredo... De resto, se estivermos com alguma atenção, notaremos, que, cada um no seu grupo, tem uma linguagem própria e que em nada se confunde com os outros grupos!... Basta comparar o chilrear de uma cotovia, que em nada se compara ao canário e muito menos ao melro! Ao primeiro impacto, parece-nos tudo muito simples neste mundo das aves, mas será mesmo assim?!... Nota-se, também, que existe uma espécie de "luta de classes" entre grupos, com as aves de rapina no topo duma hierarquia que a todos submete sem apelo nem agravo! Pode-se argumentar, que as aves são em tudo muito primitivas, que não se vê ali nenhuma evolução... É verdade que os humanos do ponto de vista científico têm enorme facilidade de progressão e a Net é um bom exemplo disso... Só, que, logo de seguida e quando menos se espera, tornam-se em irresponsáveis quase perfeitos, forjam ardilosamente escaramuças e desavenças graves, que podem pôr em causa equilíbrios fundamentais para uma vivência estável em todo o planeta!... E aqui, a grande e fabulosa descoberta da Net de nada irá servir para ajudar a resolver os litígios, porque já nem o diálogo sobrevive...
Toda esta dialéctica não cabe nesta missão sublime a que se propôs este jovem casal de melros, que, indiferente a todas as polémicas entre humanos, trabalha com afinco para a forte possibilidade de trazer para a vida do grupo mais três indivíduos, que é o número actual de ovos que pude visionar a alguma distância do ninho e que a foto documenta! Resta aguardar com toda a tranquilidade, mas uma coisa já é certa:-« Este meu jardim, já ganhou uma nova motivação para lá das flores, e, não negamos, que, ficamos até sensibilizados por merecer a confiança duma ave, que, no fundo, confiou em nós, sem sequer nos conhecer!...»


sexta-feira, 27 de maio de 2011

RELEMBRAR AS AVES É VOLTAR AO PASSADO!... (1ª Parte) ...

A Primavera caminha a passos largos para o fim!... Não é novidade para os humanos, mas as aves também não se deixam enganar! Se isso acontecesse seria grave, pensamos nós, mas as aves, vê-se que têm um sentido muito realista, porque farão leituras adequadas e que acabam por influenciar os seus comportamentos... A começar pelas temperaturas, pelas épocas das chuvas, pela grandeza dos dia e das noites, que influenciam e de que maneira os seus voos sazonais, quando se trata de aves migratórias.
Continuo a morar na província, mas agora a cerca de quatro quilómetros do mar Atlântico, mas aqui só as gaivotas são "rainhas" e não têm complexos de vir a ocupar os areais e outras paragens, caso o mau tempo e a forte ondulação se instalem pelo seu habitat, para ali regressarem assim que as condições o permitam... Os homens com uma vida dedicada ao mar, dizem, amiudadas vezes, "Gaivotas em Terra!..." para classificar, precisamente, essa característica de uma ave que tão bem se adaptou a viver do mar e para o mar, mas, nas condições mais adversas também não arriscam a ficar por lá!... Não o farão pelo sentido da responsabilidade, mas pela sobrevivência, que trocado em miúdos vai dar no mesmo!
Mas, hoje gostava de vos falar duma outra ave, que nada quer com o mar e todos conhecemos, que é o melro! Diz-se, que é uma ave de jardim, mas sobrevivia por todo o nosso país rural, aliás, é daí que o conhecemos melhor... Acompanhava muito de perto os trabalhos de lavoura, ali com o rio Douro bem próximo, quando o nosso país era essencialmente rural, com os seus voos rasantes na proximidade de ribeiros, regatos e represas, ao mesmo tempo que não dispensava os seus cantares estridentes de um alerta avisador e denunciador, que ficará connosco para os restos das nossas vidas...
Nessa altura não imaginaríamos sequer que passados sessenta anos viéssemos a reencontrar essa mesma ave, num outro cenário, mantendo as mesmas características, os mesmos jeitos, a mesma forma de estar e a mesma adaptabilidade, agora também nos jardins e num pinhal com alguma proximidade... Há, todavia, uma pequena grande diferença, que não posso deixar de vos dar a conhecer:- Nos últimos anos, talvez, a minha presença seja mais notada por estas aves, que, entretanto, começaram por se aproximar um pouco mais do meu florido jardim... Começaram por fazer o ninho na pequena árvore do fundo do jardim e este ano voltaram a nidificar, mas na árvore mais próxima e há poucos dias, lembraram-se de fazer mais um ninho, mas desta vez a cerca de dois metros do solo, bem agarrado aos troncos de uma glicínia que prospera encostada à casa, bem dentro do nosso jardim!...
Claro, que me passam muitas coisas pela cabeça, é muito normal que tal aconteça... Desde recordar os anos da minha infância, numa volta ao passado, onde se perfilam em catadupa um vasto rol de memórias, em que, por vezes, entram também os melros, não estes, que agora se lembraram do meu jardim, mas, seguramente, outros, que tinham o mesmo aspecto e o mesmo desembaraço dos que lhes sucederam! (CONTINUA)

sábado, 19 de março de 2011

"AH, MEU LUÍS DA CARVALHEIRA!..."

Quando tinha os meus seis, sete anos e morava em Rio Mau, fixei uma das figuras mais típicas do pequeno lugar! Lembro-me que os adultos lhe chamavam Luís da Carvalheira, morava numa casinha humilde ali próximo da Pia da Casca com uma senhora mais idosa e que seria a sua mãe!... Era um local de passagem quase obrigatória, porque dava acesso à velha Capela e respectivo cemitério, e, o Outeiro, onde ficava a casa dos meus pais, era ali bem perto...
Sabíamos, que este homem simples e que aparentava ter mais de quarenta anos, era operário em Germunde e o seu modo de vestir, ao primeiro impacto, dava a perceber que teria as maiores dificuldades de sobrevivência, se tivéssemos em conta a forma andrajosa de toda a sua roupa!... Era um homem cordato, nunca lhe conheci qualquer desacato, mas, ficava-se com a ideia, que seria a pessoa mais pobrezinha de toda a aldeia, se fosse tido em conta a quantidade de remendos nas calças e no casaco que fazia questão em ostentar durante todos os dias do ano!... Tive ocasião de "espreitar" e ver que os remendos sobre remendos eram obra sua, de resto, era impossível, a quem quer que fosse, fazer pior trabalho!... Andei todo este tempo convencido, que toda a lide da casa passava por este homem, o que me leva a pensar, que a sua mãe teria problemas sérios, mas em rigor nunca poderei afirmá-lo... A forma de vestir era única em toda a aldeia, e, por ser tão bizarra, até aos miúdos da minha idade não passava despercebido, mas honra lhe seja feita, porque o nosso Luís da Carvalheira nunca deu mostras de quaisquer complexos de inferioridade, cumprimentava e falava com toda a gente, embora se soubesse que uma boa parte dos adultos, em especial as mulheres da nossa aldeia fizessem questão de pegar no seu mau aspecto exterior, como contraponto para casos tão diversos e que nem sequer tinham semelhança! Sobretudo as mães, sempre que "ralhavam" com os filhos, era certo e sabido que iam rebuscar a frase já crónica:
«- Ah, meu Luís da Carvalheira!...»
Na década de cinquenta, um pouco mais crescido e já a morar em Pedorido, na outra margem do Douro, continuei a ter a oportunidade de ver o Luís da Carvalheira a caminho de Germunde, ou seguindo em direcção oposta a caminho de Rio Mau e da sua casinha, agora com mais idade, mas rigorosamente fiel à sua roupa remendada e que ainda parecia ser a mesma dos anos quarenta da minha infância...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

AINDA SOBRE OS DESASTRES DE BHOPAL E CHERNOBIL! (2ª Parte)

Temos vindo a alertar para os desastres ambientais em Bhopal e em Chernobil na década de oitenta provocados pela irresponsabilidade humanas!... Na altura foi muito comentado, lembro-me, mas com o passar dos anos foi esbatendo e já nem se fala, nem se comenta... Faz parte da nossa cultura, é a nossa maneira de estar e depois fica lá longe, não nos tocou pela porta e não damos ao caso a importância que deverá ter! As consequências, essas ainda irão sobrar por muitos e muitos anos até que o equilíbrio volte ao planeta nas áreas afectadas, mas os humanos têm de ser avisados que muito de positivo há ainda a fazer e que se fez ainda muito pouco, sob pena de que novos e graves desastres dali possam advir, porque em Chernobil, por exemplo, colocaram à pressa uma campânula que isolou por algum tempo todo aquele descontrole radioactivo, impedindo que continuasse a soltar-se para o exterior... Só que os materiais utilizados ao fim de vinte, trinta anos irão ceder ao desgaste e as fugas darão lugar à libertação de novas e perigosíssimas quantidades de radioactividade que irão não só afectar toda a região envolvente, mas também seguir para outros pontos do planeta e que poderão até nem ser os mesmos de 1986!... É preciso dar a saber que vai ser preciso um milhar de anos ou muito próximo disso, para que os níveis radioactivos baixem para valores compatíveis e há que investir naquele local a melhor tecnologia e os melhores materiais porque as improvisações e o "deixa andar" dão sempre em surpresas desagradáveis.
Em Bhopal o cenário é diferente mas não é melhor... Discute-se mais e até já se fizeram manifestações, porque é bem mais fácil acusar nos tribunais e na via pública a multinacional americana Union Carbide e o seu dirigente máximo, mas, o que já não é aceitável, é que toda a área da extinta fábrica continue contaminada há mais de vinte anos! Várias organizações e moradores da região exigem a limpeza do local e afirmam que dentro da fábrica há uma grande quantidade de produtos químicos acumulados e sem protecção, que atingem o solo e contaminam as águas.
Recentemente a BBC publicou uma pesquisa que indicava que a água em Bhopal tem um nível de contaminação 500 vezes mais alto que o limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Não é necessária uma grande inteligência para perceber que milhares de indianos pobres na região de Bhopal estarão a ingerir esta água imprópria para consumo e que conterá um variado leque de substâncias perigosas não só para a saúde pública, mas que afectará toda a biodiversidade naquela região do centro da India.
Já passaram mais de vinte e cinco anos sobre estas duas tragédias e pelo que sabemos pouco de seguro foi levado adiante. Uma vida de trabalho e alguma experiência na indústria química, ensinou-me, que nestas questões não pode haver remendos nem falsas soluções, porque pode sair muito caro e o pormenor de que é muito longe e não nos toca, além de ser uma atitude egoísta é também irresponsável e perigosa! O ditado popular "do longe se faz perto...", tem aqui total cabimento, porque as variações das correntes atmosféricas levam a contaminação das nuvens radioactivas para zonas bem afastadas do local de origem, que no caso presente foi Chernobil.
Deu para entender?! É que está tudo em aberto!... (CONTINUA)