Fisicamente Pedorido é como é, mas, pensamos nós, que há largos milhares de anos tudo seria bem diferente e duma forma que a nossa imaginação dificilmente visualizará, mas com os poucos dados de que dispomos, vamos tentar criar algumas ideias, que poderão ter estado no princípio do que foi o estabelecimento da vida humana nestas encostas adjacentes ao Douro, ao Arda e a toda esta vasta região...
É muito provável, que este fosse um corredor de passagem para os diversos povos nómadas que seguiriam os cursos de água como meio de orientação e até da sua própria sobrevivência e a começar pelos mais importantes, como era o rio Douro, mas, é de crer, que outros afluentes também "atraíssem" os mais diversos tipos de tribos, que, naturalmente, viveriam isoladas e se entenderiam por gestos e outro tipo de expressões à falta de dialecto... As margens do Coa, mais rochosas, deixaram testemunhos inequívocos da passagem destes povos mais primitivos e as suas pinturas expressam precisamente o estádio do seu intelecto há cerca de vinte mil anos! Não dominavam qualquer tipo de alfabeto e é de admitir que também deambulassem por estas paragens onde fica hoje Pedorido, que serviria como ponto de passagem. É provável que se atrevessem a mudar de margem, mas só quando o caudal do rio Douro permitisse e é quase certo que tenham usado o tronco das árvores como primeiro meio de transporte fluvial e aproveitando a correnteza do rio!
Seguramente que estávamos perante uma vegetação muito diferente da que chegou até nós, muito propícia ao desenvolvimento de uma abundante diversidade de caça grossa, a julgar pelas pinturas do Coa...
A fixação bastante mais tarde a uma determinada zona, trouxe como consequência lógica a mudança de hábitos e é bem provável, que, já nesta altura, tivesse tido início uma espécie de dialecto, quando o apego à terra gerou o aparecimento da agricultura, enquanto mantinham os hábitos ancestrais da caça e da pesca e se embrenhavam pela primeira vez na pastorície onde iriam buscar o leite, a carne e a lã para um vestuário que muito ajudaria ao seu agasalho! Esta fixação aos locais iria gerar o surgimento de novos fenómenos a começar pela construção de tipos de habitação débeis e muito precários, assim como o surgimento de guerras entre tribos ou etnias, uns porque queriam manter o que consideravam sua pertença, enquanto que os invasores se achavam com direito à conquista e a não permitir que outras formas de vida se instalassem!...
Todos estes processos teriam sido lentos, demasiado lentos, para a nossa compreensão actual, e, nenhum de nós, estará agora a pensar, que será o descendente de homens e mulheres, que viveram e deambularam durante milhares de anos por estas paragens, com uma simples tanga, que caçavam de arco e flecha e que estariam bem longe de imaginar e ver o que os nossos olhos viram naquela ribeira do Arda há apenas sessenta anos, na década de cinquenta, uma agricultura que mais parecia um jardim, só trabalho do homem e que contava com a ajuda do arado e das juntas de bois, assim, como também estariam bem longe de imaginar, que volvidos cerca de vinte mil anos, muitos dos seus descendentes iriam tornar-se mineiros, um modo de vida a que chamaram profissão e que não estaria no horizonte daquelas gentes tão primitivas, que, ao longo dos tempos, se foram misturando com outros povos, que, por cá, haveriam de aparecer, vindos de sítios tão distantes como as estepes asiáticas!...
Digam lá, pedoridenses, não foi um bom exercício repensar as nossas origens?!...
E, já teriam sequer sonhado ter feito parte, embora de forma indirecta, de vidas tão primitivas e desconfortáveis?!...
-UM POVO SEM MEMÓRIA É UM POVO SEM RUMO!
Nota: Esta é uma cópia do post publicado no blog PEdorido.com
Fico feliz com mais este belissimo trabalho.
ResponderEliminarPosteriormente farei um comentário mais pormenorizado, por no momento não dispôr de tempo que me permita fazê-lo.
Até.