quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pedorido visto do rio Douro! 5ª Parte




Teriam decorrido cerca de duas horas de viagem e Germunde aparecia já ao alcance da nossa vista! De propósito, preferimos um espaço isolado, donde fosse possível não só olhar, mas também esconder alguma emoção, porque não foi em vão que ali acordamos para o mundo do trabalho e onde viríamos a criar boas amizades, tudo isto durante a nossa juventude!
Assim de repente e volvidos quase cinquenta anos muita coisa mudou!... O lugar é o mesmo, mas nota-se o silêncio do abandono depois do fecho das minas da Carbonífera! Até o teleférico que escoava o carvão retirado às entranhas sumiu, o que leva a supor, que às estruturas metálicas que por ali abundavam terá acontecido coisa semelhante!... O arvoredo, tomou conta de grande parte de toda a zona inclinada até ao rio e devido a essa metamorfose o verde está muito mais acentuado e o negro já perdeu a expressão de outrora o que não deixa de ser normal em consequência do fecho das minas!... Mas, há um outro pormenor, que memorizamos dos anos cinquenta e sessenta e que já não é possível visionar, aqui, nesta margem esquerda do Douro... Estamos a relembrar a "frota" de rabões, aqui bem perfilados e ancorados à espera de vez, para receber a carga de carvão e partir de seguida, rio abaixo, a caminho dos cais de Campanhã e do Porto, com a finalidade de movimentar uma boa parte deste País!
Se dúvidas houvesse, o edifício do Poço Mestre continua ali firme, e, a destacar-se, como que a assinalar um pouco mais acima, a meio da encosta adjacente ao rio Douro, toda a história de várias gerações de mineiros!!!!.... Faltará ali, sòmente, o símbolo que melhor representaria toda a época mineira e estamos a referir-nos ao briquete incandescente... Visto ao perto e do rio Douro seria como que a homenagem certa no lugar certo!
Mas as emoções não iriam ficar por ali, porque de seguida, Pedorido e Rio Mau surgiriam como que apressadas, mas tiveram que ser pacientes, e, perceber, que, o nosso imaginário iria perder-se por algum tempo de volta às recordações do que foi a quinta de Fornelo, ali, com o rio a seus pés e que mais parecia um jardim durante os doze meses do ano e onde fomos tão feliz!!!...
E, eis, que, de repente, aparece o esplendor da igreja da nossa aldeia de Pedorido, devidamente enquadrada com o Douro e com o ambiente, e, que, só agora, deu para perceber da visão e da competência do pessoal técnico dos anos quarenta! É claro que os tempos ocasionaram diversas alterações físicas no meio, mas, ficamos com a ideia de que a aldeia estará mais ribeirinha e mais aconchegada, porque se terá abandonado a ideia de outrora de construírem as novas casas nos pontos mais altos e de difícil acesso. Com o fecho das minas o pensamento das novas gentes poderá estar à procura de voltar à proximidade dos rios e poderá ser como que um retorno a um passado mais longínquo!... Vendo por esse lado, será mais original e talvez mais primitivo, uma espécie de reconciliação com os nossos antepassados que muito justamente teriam começado por se instalar desconfortavelmente e com os olhares não muito distantes das margens do Douro e do Arda!
Todo aquele enquadramento actual entre o arvoredo mais antigo com as pontes e com a foz do Arda é de uma beleza única em todo o Baixo Douro, e, a praia fluvial, mesmo ao lado, veio dar a oportunidade que sempre faltara aos pedoridenses e àqueles forasteiros que fazem desta praia a sua preferida...
A sensibilidade que fomos adquirindo ao longo da nossa vida, diz-nos, que Pedorido tem agora um aspecto mais jovial e mais bem cuidado, e, parece-nos, que terá perdido aquele ar sombrio e mais escuro de outros tempos!... Do centro deste belo rio Douro, gostamos do que observamos e temos muito orgulho de cá termos vivido até 1963!

-Um abraço do tamanho do Arda!

1 comentário:

  1. Ó Amigo e Conterrâneo estou maravilhado com tudo o que descreves.
    A lucid4z e imaginação e arte de escrever bem como o teu amor aos nosso Rio e afluentes, paisagens gentes ribeirnha etc.Tu tens tudo meetido e bem. Pois quando temos tudo nos coração é só abri-lo e dizer o que nos vai na alma.
    Maravilhosos sentimentos Paixão e Amor ao Rio e sua Geentes. A ausência aumenta em nós a saudade daquilo que são as nossas origens e paixões.Fortalece o amor em pessoas de bem.
    Que Maravilhosos Trabalhos.
    Muitos e sinceros Parabéns e continua.
    Nã te esqueças que quem porfia sempre alcança.
    Que a melhor forma de incentivar ão é dando exemplos. Mas sim a Única.
    Tens desenvolvido um trabalho contagiante.

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