terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pedorido visto do rio Douro! 8ª Parte



A seguir a Entre-os-Rios ficamos com curiosidade por chegar à foz do rio Paiva, por ser um afluente por quem temos uma simpatia especial e que vem de há muitos anos! A simpatia surgiu quando deram a conhecer que era dos rios menos poluídos da Europa e por roçar pelos limites do nosso distrito... E foi reforçada, depois de sabermos dos desportos radicais que ali se praticam, porque é uma das várias formas de dar a conhecer belas e naturais paisagens e nos sítios mais escondidos do interior deste bonito país!
A Ilha dos Amores surge a anunciar a proximidade do rio da nossa simpatia, mas também foi giro rever o Castelo e o Escamarão, que nos trouxeram lembranças de gentes mais antigas e que sabe bem recordar, porque ajudaram de alguma forma à nossa identidade!
Finalmente a barragem de Carrapatelo e a 2ª eclusa, que após uma operação demorada, que decorreu com toda a segurança, após vencer um desnível com quase o dobro do de Crestuma!... Aqui, mais uma vez nos vimos confrontados com a história e com uma das obras do grande Camilo C. Branco, quando descreve com a arte que se lhe reconhece a passagem por estas bandas do Douro da quadrilha do Zé do Telhado, o tal que tirava aos ricos para dar aos pobres e tudo isto há pouco mais de cento e cinquenta anos!... Conta-se, que terá sido o primeiro escritor em Portugal a viver à custa dos seus trabalhos literários, isto em pleno século dezanove!
Nesta nova albufeira até à Régua, deu para perceber, que flutuávamos em águas mais profundas, porque deixamos de ver as marcações a vermelho, que desde a saída do cais de Gaia foram uma constante rio acima. Começamos a notar que entrávamos numa vasta zona de floresta acentuada e em ambas as margens, aqui e além, com uma ou outra casa isolada, de acessos bem difíceis, razão porque nesses sítios, umas pequenas lanchas encostadas à margem, davam a perceber, que será através do rio, que fazem os seus contactos com o mundo exterior... Por vezes, não muitas, éramos surpreendidos com a presença das garças, uma ave que não esperávamos encontrar por ali!... Fazem parte da chamada bio-diversidade, bem real e nada fácil de ser entendida pelos humanos...
Esta sucessiva monotonia, só iria mudar bem lá mais para cima, especialmente a partir do encontro do comboio com o rio na margem direita, onde a presença do casario começa a ser mais constante e a presença humana começa a ganhar mais consistência e que será como que o prenúncio da proximidade de um outro Douro, o chamado Douro vinhateiro, onde as vinhas já antes da Régua, surgem em ambas as margens devidamente ordenadas pela mão dos humanos, na forma de socalcos até ao cume das encostas, num aproveitamento e perfeição, que à distância lhes dá uma beleza única e que todo o mundo admira!...

-Este post é uma cópia do que publicamos no blogue PEdorido.com

1 comentário:

  1. Quanto ao Zé do Telhado: depois de deportado foi viver para Angola e por lá ficaram os seus restos mortais.
    Foi bom recordar Escamarão e os tempos da nossa Juventude, onde as moças eram identificadas nas Festas por gostarem de usar vestes vermelhas.
    A Barragem de Carrapatelo e toda a paisagem até lá chegar é maravilhosa. Tenho tido o privilégio de quando em vez dar o meu passeio no meu barco Valboeiro e é maravilhoso.
    Foi um passeio estou certo de encher os pulmões ao autor de oxigénio, o coração de paixões e a alma alta moral.Foi um privilégio para todos aqueles que nasceram junto às margens do Douro e se continuam a rever, com sentimentos
    profundos e tratá-lo com todo o amor e carinho.
    Sinceramente gostei e falar sobre o nosso rio e a sua atracção é filão inesgotável.
    Quem gosta nunca se cansa de ouvir falar nele.
    Parabéns ao Autor que tem sabido com mestria nos levar a viver esta maravilhosa viagem com grande intensidade.

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