terça-feira, 24 de agosto de 2010

Desabafos de um Barco do Douro! ( Parte 4 )

... Somos um barco já com muitos anos no Douro e assistimos ao marasmo de largos períodos, que foram o que foram e que já ninguém poderá remediar! Quando muda o paradigma, fica-se com a sensação de que se passou para um certo deslumbramento que iria ter repercussões em toda esta bacia do Douro, e porquê?! Comportaram-se de certa forma, como se passássemos de pobres a ricos, da noite para o dia e decidiram ignorar, pura e simplesmente, as gentes ribeirinhas, fazendo de conta que por cá já não morasse viv'alma, num claro desprezo pelas populações que por aqui habitam há centenas de anos e com fortes ligações aos rios, sim, porque os afluentes fazem parte do rio Douro, aliás, sem eles, o rio Douro não passaria de um riacho em boa parte do ano!...
Claro, que os homens dos negócios só sabem negociar, querem ganhar dinheiro e até nós barcos percebemos essa gente, mas as regras e os compromissos nunca deveriam ignorar os reais interesses da tão apregoada bio-diversidade em toda a bacia do Douro, onde estão incluídos os afluentes e depois de todas as salvaguardas, que ganhassem todo o dinheiro possível e imaginário que ninguém levaria a mal!... Só que as pressas oportunísticas e o protagonismo de quem quer a todo o custo ficar na história, ensombra-lhes a racionalidade, ao mesmo tempo que sobressai a arrogância, que será dos defeitos piores a que os humanos tanto gostam de deitar mão, e, a partir daí, não fazem um esforço mínimo para parar e escutar razões e anseios de quem está farto de ser abandonado e esquecido, e, com todos estes erros de palmatória, que já vêm de muito longe, desbaratam em três tempos aquilo que poderia ser um bom sonho para os novos tempos...
Enquanto estamos por aqui "atracados" na Lingueta, horas a fio e às vezes até dias, aproveitamos para magicar em tudo isto, e, "vimos" com alguma clareza o que nos espera e pensamos com toda a lucidez possível, que, se notamos esta falta de respeito primário para com os humanos, muito mais fácil será "determinar" que se abata este tipo de embarcações, que, tal como nós, valboeiro, vêm do rio antigo e já não se "enquadram" no tal novo-riquismo inventado pela cabeça desta gente, que é uma pena ainda não terem acordado para a vida... Infelizmente, não lhes interessa perceber que as realidades existem, e, são o que são, e, nem essa gente, nem ninguém, irá mudar as realidades que são diversas e salutares, até porque será culturalmente um contra-senso dificultar a nossa continuidade neste rio Douro, só porque tornaram possível a subida e descida de iates e de outras embarcações de recreio e lazer! ( Continua )

UM POVO SEM MEMÓRIA É UM POVO SEM RUMO!

1 comentário:

  1. Pois é!!!
    A irracionalidade de quem tem o poder e é eleito para defender interesses que deveriam ser os de servir o País e o tornar independente e não alimentar a demagógica propaganda de que só as exportações resolvem os problemas nacionais.
    Um País só é rico quando é auto-suficiente e não sujeito às regras do importador que em muitos casos é exportado e importador e limita a seu belo prazer a economia e o número de empregadores.
    Vejamos que há uma firme vontade de acabar com as pequenas embarcações e mesmo as de médio porte, isto para que possam livremente navegarem a altas velocidades e hoje ao que assistimos é que os Barcos de grande porte navegam a altíssimas velocidades e provocam ondas que batem nos barcos e em pouco tempo os destroem, ao mesmo que não há borda ou muro junto às margens que resistam.
    É a lei do capitalismo selvagem, que está num caos, do qual difícilmente sairá.
    Mas um dia, as mentes adormecidas ou novas sementes que florecem fora deste circulo viciado, saberão dar essa resposta cabal e desajada.
    Tudo é feito em Bruxelas com recomendações de Berlim e os Senhores das leis de águas e embarcações? !!!! Niqueles.
    Servem-se a si e suas clientelas.

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