sábado, 21 de agosto de 2010

Memórias de um barco do Douro!

«Somos um pequeno barco saveiro, já com alguma idade, mas quem olha para nós não ficará com uma ideia do nosso historial, que surge do rio mais antigo e que trazemos na memória!
O facto de nos encontrarmos aqui parados na Lingueta tem a ver com os tempos actuais, onde até a pesca é bem diferente de outros tempos não muito longínquos, e, que, estiveram na origem do nosso aparecimento. Era a época dos areais dispersos ao longo de ambas as margens do rio Douro, ora na esquerda, ora na direita e que os nossos inventores tiveram o cuidado de perceber, para a seguir poder transformar a ideia num barco de características adequadas às múltiplas tarefas, que as gentes ribeirinhas tinham para lhes atribuir! Foi assim que quem teve a felicidade de acompanhar o nosso desempenho como barco, ao longo do tempo e dos diferentes tipos de caudal, que o Douro ia proporcionando, concluiu que estava encontrado o barco que melhor serviria e mais ninguém pensou em outros inventos para os nossos afazeres.
Acontecia, por tudo isto, que os donos mais cuidadosos, tinham com os seus pequenos barcos cuidados primários ao reforçarem toda a calafetagem, assim que achassem necessário e até a pintura era retocada em todo o exterior de dois em dois anos, porque um barco novo representava um preço muito elevado, enquanto uma boa manutenção dava todas as garantias para muitos e bons anos de actividade, umas vezes no transporte das gentes ribeirinhas entre ambas as margens, ou ainda nos vários tipos de pesca,- muito similares - que se levavam a cabo desde o areio de Melres, passando pelo de Pedorido e tendo boa continuidade um pouco acima no grande areio d´Hortos!... ( Continua )

Nota: Cópia do post publicado no blog PEdorido.com

1 comentário:

  1. Sim a total solidariedade e partilha entre os pescadores e gentes ribeirinhas começava por aqui, que não sendo pescadores viviam próximo das margens.
    Todo o transporte era feito pelo rio e sempre que alguém precisa pelos mais variados motivos de ir de uma margem à outra; sempre o barco era emprestado e quando o necessitador não sabia remar o proprietário do saveiro ou Balboeiro, "como também é conhecido" se disponibilizava a fazer a travessia.
    Deve-se muito ao Barco com as dimensão de 7m10cm o contributo de viver em comunidade.
    Construíram a Barragem Lever/Crestuma e como primeiras medidas tentadas a proibição de pescar com redes " preferindo que os peixes se comam uns aos outros" infelizmente esta é a constatação de uma indesmentivel realidade e claro o de acabar com este meio de transporte para mais fácil se tornar os desportos de barcos de fibra motorizados. A prová-lo é que são impostas detreminadas exigência a este tipo de embarcação que levam a que a grande maioria opte por outro tipo de embarcação.
    Há uns tantos que por amor e Paixão ainda vão mantendo alguns, mas o seu fim é seguramente uma dado consumado.
    É este os interesses defendidos em nome do progresso CEE. Tudo para uns e aos outros toma lá apenas e só dificuldades inultrapassáveis, tal como a construção e sua legalização deste tipo de embarcação.

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