Como é maravilhoso ter esta felicidade de reencontrar o nosso rio passados quase sessenta anos e poder escutar os seus anseios e preocupações, que serão de ontem e de hoje e que ninguém saberá sintetizar tão bem como ele e que podem ajudar os humanos não só a repensar o que têm em mente, e, se for caso disso, mudar de rumos já traçados, reavaliando prioridades, como esta de olhar mais para os nossos rios - grandes e pequenos - como necessidades urgentes e de que todos sairão a beneficiar: os rios, os humanos e toda a vida na Terra!
Escutêmo-lo com a atenção que nos merece:
«- Sempre que falamos no lazer e no turismo, os nossos amigos humanos de Pedorido, Raiva, Oliveira do Arda, Folgoso, S. Eulália, S. Miguel do Mato, Tropeço e mesmo Arouca, sem esquecer os demais, pensam no imediato no grande turismo de outras paragens, bem longínquas, em que é necessário tomar o avião ou o transatlântico para se deslocar até locais que ficam distantes e dispendiosos...
Nos nossos contactos entre rios - fazêmo-lo há milhões de anos - e sempre que uso da "palavra" - como vocês humanos dizem - referencio sempre este tema da minha bacia do Arda e ainda não mudei de argumentos e muito menos de objectivos... O meu pai, que é um querido, acaba sempre por me dar razão e vai dizendo com a convicção de quem sabe do que "fala", que a seu tempo vou ser escutado, mas há companheiros nossos, que, quando tomam a "palavra" até ignoram tudo quanto nós dissemos e vêm sempre com os velho discursos das "prioridades" e das "convergências", sem chamar os "bois pelos nomes" e não há maneira de sairmos disto...
Considero que são influências e mentalidades que vêm de muito longe, dos nossos velhos tempos e que são quase comparáveis às vossas já distantes monarquias conservadoras e austeras e que tiveram continuidade na cabeça de republicanos, que assim se auto-intitulavam e que "nem eram carne nem peixe", como nós tanto gostamos de ouvir, por aqui, às boas gentes ribeirinhas do Arda e do Douro!
Modéstia àparte, sabemos que temos ideias e sabemos que há futuro para mais uns milhões de anos, daí o nosso interesse em transmitir essas ideias para que sejam conhecidas e divulgadas também aos humanos, com quem contamos para que as estudem e saibam levá-las à prática.
Porque, nem sequer temos rosto, nem vestimos fatos da alta costura internacional, nem temos a obsessão do protagonismo de que muitos humanos sofrem, entendemos que seria correcto, mais correcto, dar a saber em primeira mão o que nós como rio pensamos para a nossa bacia do Arda e aproveitamos este vosso contacto para o dar a conhecer ao povo anónimo e a "todo o mundo", uma expressão tão cara do povo brasileiro, vosso irmão, como os dois não se cansam de repetir! »
Assim que o nosso Arda acabou de "falar", fiquei por ali, na sua margem, uns bons cinco minutos, sem fala e pensativo, reflectindo em tudo quanto ouvira e agradecido com a humildade que fui capaz de rebuscar bem lá no fundo, mas que ainda cá mora, e, que farei questão de preservar, contra ventos e marés, se tais tempestades aparecerem por estas bandas, e, se, entretanto, por aqui continuarmos nos poucos dias que ainda temos por contar!
Sim, porque queremos voltar para dar continuidade à conversa por ambos iniciada!
- É nosso dever divulgar o Arda e toda a região que o envolve!
Nota: Este post é uma cópia do que publicamos no blog PEdorido.com
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