segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Desabafos de um Barco do Douro! ( Parte 3 )

... O facto de estarmos agora aqui atracado ou "amarrado", se quiserem, na Lingueta, não significa que tenhamos sido abatidos ou coisa parecida, para já!!!!!...... Nada disso, até porque temos um "dono", que é um termo pouco do nosso agrado, uma vez que apreciamos de verdade o termo de barqueiro e não é só pela terminologia ser a mais correcta, nada disso, mas por vir do antigo, das nossas origens, com que nos identificamos e de que temos uma enorme saudade, que nem será difícil de aceitar... Mas, se essa aceitação for assim tão custosa, nós até percebemos sem que a aceitemos, obviamente!... Julgamos conhecer as principais razões do que foi acontecendo ao longo dos tempos para estas bandas do Douro, e, não nos conformamos com a proporção a que as coisas chegaram, e, é nestes momentos, que são raros, quase únicos, que gostaríamos de ter uma espécie de boca com língua para poder "falar", mesmo de maneira diferente dos humanos, com quem não queríamos "pedir meças", nada disso, mas somente poder "trazer à baila", factos verídicos e passados com outros humanos, que connosco lutaram lado a lado e que deram quase uma vida inteira pelo seu rio, e, não estou só a lembrar-me de barqueiros e pescadores anónimos, que ora eram uma coisa, para de seguida serem a outra, sem esquecer os pequenos lavradores ou simples caseiros, que sobreviviam com o muito pouco que retiravam das terras que eram dos donos, sujeitando-se "anos a fio" sem um queixume e recorrendo sazonalmente aos rios, para deles receber a parte que as terras não conseguiam dar!
Lá porque somos um barco, não perdemos a sensibilidade e achamos que não favorece a sociedade actual e futuras, este corte quase radical com o passado, de desrespeito e até desprezo com as gentes ribeirinhas, que será a consequência de falhas graves e culturais, que já virão de trás, em que as responsabilidades serão de todos, mas que deverão ser repartidas de forma desigual, cabendo aos mais responsáveis as maiores culpas, porque é muito feio arranjar sempre desculpas, como é timbre neste território que tem o rio Douro e que nós adoramos! ( CONTINUA )

Nota: Cópia do post que publicamos no blogue PEdorido.com

1 comentário:

  1. Nos tempos ídos eram uma peça fundamental e indispensável.
    Não fossem eles e não seria possivel mesmo em inúmeros casos a sobrevivência humana.
    A passagem entre margens só era possivel graças aos seus préstimos.
    A captura do Sável e da Lampreia não fossem eles viabilizar os transportes das Vargas e não seria possivel capturar estas espécie em grandes quantidades.Tornando a mesma rentável.
    Vejamos o que acontece às Gentes de Rio Mau/Sebolido/Pedorido/Raiva, por os inúmeros problemas que são impostos às populações!!! Vêm-se privadas de atravessar o seu rio e conviver com familiares e amigo que se encontram na outra margem. Já para não falar de que para se deslocarem para os seus trabalhos estão obrigados a fazerem dezenas de quilómetros a mais por dia.
    Tem plena consciência o Autor da grande importância que teria no desenvolvimento da Agricultura e no intercâmbio.
    Gravíssimo:- Uma forte contribuição para acabar com este meio de transporte é não permitir a captura de peixe.
    O que é exigido para suportar e manusear uma embarcação destas é outro factor contribuítivo para acabar com eles.
    Mas há sempre alguém que sabe dizer não e resiste.
    Longos Dias tem Cem Anos.

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