terça-feira, 3 de agosto de 2010

Conversas entre Filho e Pai!... ( Continuação )

Ficamos pasmados com tantas memórias deste pequeno rio, mas sobretudo pela fiabilidade das suas afirmações ao usar exemplos típicos e próprios dos humanos, e, como era possível, ter tido uma evolução, que nós acreditávamos só possível na nossa espécie?!...
Achamos que o nosso interlocutor teria muito mais para nos contar e sugerimos que continuasse e o nosso velhinho rio não se fez rogado:

«-Contamos continuar por cá ainda uns bons milhões de anos - disse - mas nos últimos tempos começo a ser mais cauteloso nos meus palpites e até já comentei com o meu grande amigo rio Douro - que é meu pai! - um mundo de preocupações para o nosso lado, depois dos estrangulamentos a que nos sujeitaram em toda a bacia do rio maior e que afectaram todos os afluentes, onde estou incluído, sem apelo nem agravo!... O meu pai que é um rio experiente, ouviu-me atentamente, com uma calma que não era seu timbre, lá me foi dizendo, que há momentos na vida que temos de usar a inteligência que temos e a suplente, se for caso disso, porque melhores tempos virão, e, fez-me ver, que com estas barragens hidro-eléctricas pelo Douro acima, terá sido ele o mais castigado, mas, que muitos dias têm um milhão de anos e que nós os contemos, disse!... Tranquiliza-te e deixa de ser pessimista, que com os tempos as mudanças acontecem e sem ninguém contar, e, até aproveitou para citar aquela frase que atribuem ao Camões: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"... O meu pai acha que os humanos são até inteligentes, mas que não raras vezes são uns convencidos e portadores de um orgulho que só os atraiçoa, e, lembrou-me, que vivem a sonhar, convencidos de que foram os primeiros a praticar actos de solidariedade... Puro engano o deles - diz o meu pai - porque foi graças à solidariedade entre o Sol, os mares e os rios, mas não só, que há mais de quatro mil milhões de anos atrás, foi possível iniciar uma longa caminhada que tornou possível chegarmos todos até aqui! Mas há mais, meu querido filho, a solidariedade que ainda hoje praticamos, não tem nada a ver com a dos humanos - disse - que se baseia na mesquinhez e na ganância, em que dão alguma coisinha, mas querendo receber muito mais em troca!...» ( Continua )
Nota: Cópia do post publicado em PEdorido.com

2 comentários:

  1. Gostei desta abordagem, embora tenha gostado mais deste ultimo, o outro pouco revela, apenas dá o mote à sequência, penso eu. Aproveito para deixar aqui todo o poema que é referido. ;)

    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
    Muda-se o ser, muda-se a confiança;
    Todo o mundo é composto de mudança,
    Tomando sempre novas qualidades.

    Continuamente vemos novidades,
    Diferentes em tudo da esperança;
    Do mal ficam as mágoas na lembrança,
    E do bem, se algum houve, as saudades.

    O tempo cobre o chão de verde manto,
    Que já coberto foi de neve fria,
    E em mim converte em choro o doce canto.

    E, afora este mudar-se cada dia,
    Outra mudança faz de mor espanto:
    Que não se muda já como soía.

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  2. Disse o Poeta:
    - Um País sem memória é um povo sem rumo.
    A memória do passado deve servir para preparar o presente no rumo de melhorar o futuro.
    Sabemos quanto foi importante em tempos ídos para as gentes ribeirinhas o que o rio Douro e Arda facultou.
    Sabe-se que um e outros mesmo que o Arda em pequena dimensão estão no coração de muita gente que continua a sentir o pulsar no seu coração dessa eterna saudade.
    Mas numa análise mais aprofundada, não podemos desresponsabilizar essa mesma gente que simplesmente, não em sinal de proteesto viraram as costas a quem tanto deviam e passaram a utilizar a demagogia como arma de arremesso culpabilizando tudo e todos, mas não tendo a humildade de reconhecer que uma parte dessa responsabilidade lhes cabia por nada terem feito para impedir essas atrocidades. Masis graves muitas mas mesmo muitas quase como vingança em quem não deviam apenas o passaram a utilizar como urinol público e escarradort humaano, onde atiravam todo o tipo de lixos. (Esta verdade lamentável infelizmente é indesmentível)
    Felizmente que as coisas tendem a melhorar e muito e os sinais a quem como eu assiduamente entra com os pés nas águas do nosso Rio Douro e nele navega e acompanha o seu movimento, percebemos que as coisas estão a mudar em bom ritmo e ele já cativou muitos novos milhares de apaixonados.
    Freguesias há e os seus autarcas já começam a perceber que as suas terras só tem valor porque são banhadas pelas águas dos dos rios que lhes passam aos pés. Espera-se que Arouca e Castelo de Paiva percebam o que de bom representa o Arda e aproveitem o desenvolvimento turistico e outros, que os mesmos lhe oferece..
    Como nota final:- O Rio Arda foi fortalecido com todo aquele alargamento do seu leito que o torna navegável numa muito maior extensão.
    O mesmo é dizer que o Pai Rio Douro deu ao seu Filho um bem riquissimo,( Água, muita água) como responsável que é, fez a mesma partilha, pelos seus outros filhos,Rio Mau, Inha, Paiva e todos os outros Afluentes.
    Os Rios São Eternos e o Rio Arda, Rio Mau e Rio Douro hoje tem tudo para continuarem a ser um polo atractivo.
    Parabéns ao Versejante. Marvilhoso.
    Ao Autor do texto muito bem conseguido e um alerta importantissimo e o texto servirá como um testemunho histórico. O Arda tinha o Amor de todas as Gentes Ribeirinhas que ali habitavam e de muitas outras que lá se deslocavam.
    Um Abraço

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