sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Histórias Mínimas III

HISTÓRIAS MÍNIMAS...E VERDADEIRAS!
Se fosse pedido a um qualquer pedoridense, homem ou mulher, nascido nos últimos 30 anos, para nos contar como eram social e culturalmente os nossos bem recentes antepassados das décadas de 30,40, 50 e 60, imaginamos nós que seria uma tarefa de alguma dificuldade e por outro até de alguma perplexidade, quando se confrontassem com algumas realidades inerentes em primeiro lugar ao baixo teor na área do conhecimento, porque a regra quase geral era de um analfabetismo com percentagens elevadíssimas!Partindo desta realidade a vida tornava-se dura e difícil para esta gente que humildemente procurava resolver as inúmeras situações difíceis e na maior parte das vezes nem conseguia resolver ou resolvia mal.A emigração era enorme devido a essa realidade em especial para a América do Sul, especialmente para o BRASIL!Entretanto, uma boa parte ficava por cá, remando humildemente contra a maré à espera, quem sabe, que alguma coisa de bom viesse a acontecer, porque na sua santa ignorância ouviram dizer, não sabiam a quem " que a esperança era a última a morrer"!...É no meio deste cenário que se enquadra a cena a que assisti nos anos CINQUENTA:-Um belo domingo alguns homens que faziam parte da Junta de Freguesia deslocaram-se a um monte que fica para lá das povoações de Gaído e Arejinha com a missão de verem no local qual era a situaçao real da mina que estava a ser feita por mineiros, creio que da Carbonífera, mina essa que tinha como objectivo abastecer de água potável Pedorido e penso que também a Póvoa, mas não tenho a certeza se a Póvoa estava incluída, ou não.Lembro-me perfeitamente que quem " comandava" o grupo de trabalho teve a ideia de convidar um habitante daqueles lugarejos,que se chamava JOAQUIM GUERRA e que gentilmente fez o favor de nos acompanhar...Em determinada altura do percurso, fez-se um interregno para descansar, conversar e petiscar. Recordo-me que a dada altura o tema da conversa encaminhou-se para as RELIGIÕES e o TI JOAQUIM entupiu e não dizia nada, só ouvia! É então que um dos autarcas da Junta, no caso ANTÓNIO CORREIA questiona o nosso homem da seguinte forma:- Ó TI JOAQUIM você tem estado tão calado... Não me diga que você não sabia que havia outras religiões, para além da "NOSSA"?!...- Ó moço eu não sabia! Julgava que só havia a nossa...- respondeu o TI JOAQUIM.- Não! No Mundo há 114 religiões- disse-lhe o autarca.É então que surge a resposta do TI JOAQUIM e que ninguém esperava:- Ó moço também por mais uma podiam ser 115!Recordo com frequência esta passagem que por ser real me dá a obrigação não só de a dar a conhecer, como de lançar o alerta para que sejamos exigentes connosco e com os outros, para que os descendentes actuais e futuros destes homens humildes e honrados, tenham sempre a possilidade do acesso ao saber, coisa que,afinal, lhes fora sonegado.

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