domingo, 23 de agosto de 2009

... Recordar o Arda e a Paçaria...

Tenho muitas e grandes recordações do ARDA! Lidei muito de perto com este afluente do DOURO a partir dos meus oito anos e foi nele que aprendi a nadar e a dar os primeiros mergulhos, ali um pouco a montante da Ponte Centenária, que era também a única ponte no início da década de CINQUENTA! Curiosamente na época o tráfego rodoviário era enorme e nos dois sentidos, porque a Carbonífera escoava por esta ponte todo o carvão das Minas do Fojo até Germunde e se juntarmos todo o tráfego da N222, estamos a considerar um volume de tonelagem que se fosse divulgado, iria causar espanto, mesmo às pessoas do meio...
Apesar de toda a azáfama de então, creio que o estado geral da referida Ponte, que agora é mais conhecida por PONTE VELHA, se comparado com o dos nossos dias, parece-nos que o estado actual é de degradação evidente e por este "deixa andar" a degradação vai acentuar-se...
O nosso povo diz:-« O que está mal, mal parece» e é o caso em questão.
Mas voltemos ao Arda e às suas belas recordações! O curso do rio que conhecíamos bem, ia da foz até uma "levada"onde funcionava um moinho, creio que de sol a sol e que na época abastecia a maioria das famílias com a farinha de milho e centeio e donde depois era fabricado o pão para cerca de uma semana. Nesta grande represa junto ao moinho fizeram uma ponte que ligava as duas margens e que dava ligação de Pedorido e sobretudo da Póvoa à Estação e a Oliveira do Arda...
Frequentava nessa altura a primária e tocou-me muitas vezes a tarefa de levar o milho até ao referido moinho e numa das vezes assisti a uma cena, que achei curiosa, e que vos passo a contar:
- « A distância do lugar onde morava ao dito Moinho andaria aí pelos dois quilómetros através dum caminho de pinhal e que na parte última descia duma forma acentuada até ao Arda. Já com o Arda à vista deparo no caminho e em sentido oposto com o burrito do moleiro que transportava a sua carga habitual de farinha rumo a Pedorido na companhia do jovem moleiro e que dava pelo nome de MARECOS. No mesmo sentido uma senhora de alguma idade e que trajava toda de preto trazia à cabeça um pequeno saco de farinha com cerca de quinze a vinte quilos, não mais!
O jovem moleiro ao passar pela senhora dá ordem ao burro para parar e gentilmente pede o pequeno saco à mulherzinha, coloca-o em cima da carga do animal e de seguida dá ordem ao burrito para prosseguir a marcha. Só que o burro não quis prosseguir a marcha, apesar da insistência do jovem moleiro, que optou, ele próprio, por fazer o transporte do saco da freguesa!
Moral da história:- Apesar de ser um animal recusou firmemente uma carga suplementar e com os meus nove anitos fiquei sem perceber patavina de tal atitude!... Ousou recusar e venceu!
Bastante mais abaixo e ainda no Arda, mas nos anos seguintes, viemos a viver com outros miúdos momentos muito agradáveis, numa zona com águas um pouco profundas e que por isso convidavam a mergulhos, que a maior parte dos rapazes executava com rara habilidade, e, curioso, sem sequer se magoarem. Era o poço da PAÇARIA ao seu mais alto nível e com repetição ano após ano! Todos os rapazes do meu tempo foram muito FELIZES na PAÇARIA!
Agora que o Poço da Paçaria também só existe nas nossas MEMÓRIAS não deixemos morrer essas MEMÓRIAS! E depois faz-nos tão bem reviver o melhor do nosso passado colectivo!...

UM FORTE ABRAÇO! ATÉ BREVE!

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