terça-feira, 2 de março de 2010

RELEMBRAR o DOURO seus AFLUENTES e suas GENTES!

( CONTINUAÇÃO III )
Será muito interessante abordar neste raciocínio as várias actividades, que, na época, representaram um papel fundamental na vida diária destas gentes e começaremos precisamente pelos moinhos, que, montados de forma engenhosa, aproveitavam o "desvio" de parte da água dos afluentes, nas duas margens do rio Douro, para possibilitar, por um processo simples e barato, a moagem de todos os cereais que entravam na composição do pão de milho, que era a base da alimentação das famílias humildes!
Outras actividades de extrema importância, estão ligadas à rica e abundante floresta de toda esta zona de baixa montanha, aonde as famílias humildes iam buscar, quase diariamente, aqueles desperdícios de lenhas com que faziam todos os cozinhados, numa lareira granítica e arrumada ao fundo e no ponto mais central da cozinha e onde todos se aqueciam nos invernos, sempre rigorosos, enquanto a cozedura do pão de milho, tinha lugar, uma vez por semana, num forno de tijolo e barro, bem encostado a um dos cantos da cozinha...
Da mesma floresta, trazia-se ainda o mato rasteiro com que os lavradores, pequenos caseiros e a generalidade das famílias faziam as "camas" de bois, vacas, suínos, galináceos, coelhos, ovelhas e cabras, para que algum tempo volvido, pudessem ter o proveito de sacar dali, o "belo" estrume com que adubariam as terras de cultivo e donde esperavam colher uma parte substancial da alimentação familiar!
As excelentes árvores de pinho e de eucalipto, criadas nesta floresta, e, em que uma boa parte das maiores e mais bem compostas "sortes" pertencia a duas ou três casas abastadas das aldeias, que, só muito raramente procediam ao seu abate, e, assim, ao entrar na floresta qualquer cidadão ficaria elucidado sobre o dono dessas "sortes", só pelo porte desproporcionado das referidas árvores!... Ao contrário, as "sortes" dos restantes donos, na altura certa, lá sofriam o corte necessário e as suas madeiras seguiam pressurosas a abastecer as fábricas, para ali ser transformadas em pasta de papel, ou, então, seguiam directamente para fazer os escuramentos nas galerias das minas do Pejão, outro dos destinos prováveis e de longe a actividade mais empreendedora de toda a região, com uma ocupação superior a mil postos de trabalho, só na Carbonífera!...
Depois de todo este grande empenhamento durante décadas e do grande esforço físico dispendido, absolutamente comum a todas as aldeias periféricas das minas do Pejão, e, que, ao fim e ao cabo, podemos considerar como fazendo parte dos seus DEVERES, apetece, e é justo que perguntemos:

« E quais foram os DIREITOS com que contaram?!»

FIM DA 3ª REMADA ( Continua )

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