Por me parecer interessante, começo por contar uma pequena história, que apesar de simples merece ser contada:
« O final da manhã de hoje estava calmo e decidi entreter o olhar pelo meu jardim, porque espero com alguma ansiedade a chegada da Primavera, uma vez que já fiz o que devia ser feito, resta apenas a relva começar a despertar para a vida e o mesmo se espera do que foi previamente e carinhosamente enterrado pelos espaços do jardim, esperando, que o nosso empenhamento e o carinho que pusemos em todas as acções, venham a ser compensadas com os melhores resultados, que esperamos ver através de uma relva pujante e ainda mais verde, bem como de flores e rosas mais belas e mais perfeitas, porque temos sempre presente na nossa mente o sentido da exigência até para com a Natureza, talvez, sabe-se lá, por querermos que tudo à nossa volta devesse ser belo e perfeito, imaginando fazer parte de um outro mundo, que não descambasse, nunca, para o "abismo" ...
Só que pensamentos destes, acontecem a toda a gente e daí não vem mal ao mundo, valem o que valem e até nos ajudam a desvanecer, retirando do nosso cérebro outros estados de alma que só nos desfavorece e que dispensaríamos de muito bom grado... De repente, fui "sacudido" e "acordado" para a vida real em resultado de um estrondo característico de uma árvore em queda e o som provinha de um pinhal, que existe na continuidade do meu jardim e como tinha excelente visibilidade, fui capaz de localizar a árvore que caíra, mas continuei a achar muito estranho o silêncio que continuava instalado em toda aquela área e fiquei estático uns dois minutos, na espectativa de ver surgir "alguém" que estivesse agachado naquele matagal, porque sempre acreditei que era mais uma crueldade de algum humano... Como tudo continuava calmo, silencioso, decidi avançar até ao local e dou de caras com a árvore arrancada pela base, mas pelo que pude observar, o acidente foi provocado por todo este mau tempo e que terá tido a sua origem num Atlântico, que, de longe a longe, perde grande parte da sua passividade e faz-nos recordar outros mares e outras latitudes . »
Fiquei mais aliviado e senti alguma felicidade, por perceber, que no caso presente, o ser humano não merecia ser culpabilizado, sim, porque cada dia que passa o rol de crueldades e de acusações aumenta, vindo de todos os cantos da Terra, ao mesmo tempo que vemos a ser esgrimidos argumentos, na tentativa de tentar « TAPAR O SOL COM A PENEIRA », coisa que até hoje não foi conseguido, mas os humanos, por vezes, surpreendem-se a si pròprios...
Os casos de pedofilia, contam-se aos milhares e vêm de longa data, atingindo instituições como a igreja Católica, que terá escondido para "debaixo do tapete", mas que agora vai ter grandes dificuldades para dar explicações convincentes aos seus seguidores e ao resto do planeta, se, entretanto, não optar mais uma vez por ignorar, ou então seguir o caminho da mentira, quando no passado afirmou que esta igreja era santa, mas já se ouvem alguns teólogos a mudar o discurso milenar, ao catalogar, agora, a mesma igreja de santa e de pecadora!... A desculpabilização já estará em marcha, mas a dignidade está ferida de morte, enquanto os milagres irão continuar, possivelmente, na vã tentativa de contrabalançar o errado!...
Todo o ser humano, que duma maneira ou de outra, aspira a um mundo menos desigual e sem as chagas da pedofilia e de outras barbáries, sentir-se-á desassossegado, mas terá de buscar forças mesmo que elas já não existam, porque sempre vai haver gente de BEM, que será sempre a maioria e que terá o descernimento do poeta brasileiro Affonso Romano de Sant'Anna que foi o autor deste belo poema, sempre tão actual e que quero de todo o coração dedicar a todos os meus conterrâneos, com um carinho muito especial para o Manuel Araújo da Cunha e para o Valdemar Marinheiro, pela forma dedicada e continuada na divulgação da nossa linda zona do Douro e das suas boas gentes:
Deliciem-se, a seguir, com uma parte deste belo poema, que reputo de sublime e ainda por cima tão actual, para constrangimento nosso!...
A IMPLOSÃO DA MENTIRA
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Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
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Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
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Mentem.Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
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Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.
(....e continua...)
Um retrato fiel do mundo em que vivemos.
ResponderEliminarOs outros tempos não foram melhores nem piores. Foram aqueles tempos. Tempos esses que nos enchem
a memória de felicidade e nos dotaram o coração de genorosidade.
Uma lição de vida que muito nos tem ajudado a compreender que o ser humano tem oportunidade de viver um vida sem se refugiar em Mitologias e que a Natureza é um bem a que todos temos obrigação moral de a preservar.
São com pessoas com coragem e determinação, num tempo em que a lei da rolha tem um campo muito limitado se pode acordar mentes adormecidas e, assim preparar o presente para melhorar no futuro.
Obrigado pela referência.
Um trabalho importantissimo.