A década de Cinquenta em toda a zona do Couto Mineiro do Pejão é consensual, quanto a ser reconhecida como uma época de muita ocupação, onde a exploração mineira tinha na Carbonífera, de capital belga, o seu maior empregador, e, quase que podíamos dizer, à falta de dados estatísticos, que haveria pleno emprego em toda esta vasta região, muito embora se tratasse, em larga medida, de trabalhos duros e até perigosos e para cúmulo muito mal pagos... Daí, e, por via dessas duras realidades, a emigração para outros países esteve sempre na mira de uma parte dos seus habitantes, e, naturalmente, na década referida também não houve excepção.
Já deu para perceber, que o dia a dia destas gentes por cá era muito difícil, agravada ainda com o facto de serem famílias dum modo geral muito numerosas, devido ao elevado número de filhos, cujo "mérito" vai inteirinho para o "trabalho" persistente da igreja Católica, que dos altares fazia das homilias dominicais um dos seus temas preferidos, recorrendo amiudadas vezes com a ameaça do inferno, procurando por aquela via, incutir nos crentes da existência de uma outra face num Deus infinitamente bom, mas, que, afinal, também poderia ser castigador...
Em resultado de tantas dificuldades diárias, a lavoura ocupava não só os pequenos lavradores e caseiros mais humildes, mas dum modo geral os mineiros e também os barqueiros, pescadores e outros, que se "entretinham" com a feitura anual da sua lavoura e de alguma pesca no grande rio Douro e nos seus pequenos mas importantes afluentes, como era o caso do "velho" e muito amigo Arda, responsável por manter todos os anos uma ribeira pujante e capaz de ajudar, com o que ali se criava, uma parte dos habitantes das aldeias vizinhas dos seus vales - sempre verdes em todas as estações - e que eram por ordem ascendente Pedorido, Oliveira do Arda e ainda Folgoso...
As famílias que todos os anos trabalhavam aquela ribeira do Arda, sabiam que não precisariam de adubar muito aquelas terras, porque as cheias anuais do Douro já o haviam feito em grande medida, com os variados e ricos sedimentos ali deixados ao longo das cheias de Inverno, e, se, a seguir, lhe somarmos na altura devida o trabalho dos homens, dos bois e do arado, e, lá mais para diante com a abundância da água do Arda, que, eram por esta ordem, os grandes responsáveis pelas boas e saudáveis colheitas de milho, feijão, vinho e até de saborosas melancias!
O Arda servia ainda de piscina durante os meses mais quentes do ano a uma juventude masculina, que, na Passaria, se entretinha a aperfeiçoar os dotes naturais de nadadores e sobretudo de saltadores, já que ali, a altura das águas assim o permitia; além do mais, este afluente tinha outras "virtudes" de interesse e estamos a referir-nos à segurança que oferecia aos "banhistas" por um lado, e, à lisura das suas águas por outro, e, era, seguramente, devido a este último factor, que as mulheres e as raparigas desde o Alto Picão, aqui se encontravam regularmente, para em sítios bem escolhidos do baixo Arda, se empenhar determinadas a lavar e a branquear as roupas bem sujas dos mineiros e de toda a numerosa família!
FIM DA 1ª REMADA ( Continua )
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