segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

INTOLERÂNCIAS RELIGIOSAS NOS ANOS CINQ.! (1ª PARTE)

Todos nós já nos apercebemos de que há, por vezes, momentos históricos em que até as religiões se vêem tentadas a usar métodos autoritários e grosseiros, tentando a todo o custo fazer com que as comunidades adoptem posturas e caminhos definidos por quem superintende nessas religiões, esquecendo-se esses dirigentes, que, quase sempre, até são doutorados, de que a adesão a uma prática religiosa é antes do mais um direito de cidadania livre e que ninguém, por mais humilde que seja, poderá ser obrigado a aceitar práticas ou comportamentos indesejáveis para a sua condição de ser humano!
Sabemos agora que isto é básico, mas nos anos Cinquenta o comum dos cidadãos em Pedorido desconhecia este e outros direitos e o resultado está à vista, com os casos que passamos a relatar e que não deverão ser escondidos para "debaixo do tapete" por irresponsabilidade, admito, mas também por parte da Instituição que agora não quererá admitir que falhou e não basta a desculpa, que tanto jeito dá nestas ocasiões, de procurar atirar as culpas para esse passado negro, ao optar por um silêncio comprometedor, quando se sabe que todas as religiões herdam sempre o que se fez de bom e de menos bom até ao presente...
Vamos aos factos:
«As secas nos anos Cinquenta, a partir do mês de Abril aconteciam com um rigor tal, que punham em desespero os lavradores e caseiros mais humildes que viviam de uma agricultura de subsistência, mesmo contando com o melhor quinhão da ribeira do Arda, que resistia muito bem à canícula e porque ali a água nem sequer era problema, já que o "velhinho" e amigo Arda sempre fora solícito na colaboração...
Mas quem dirigia a igreja católica na aldeia, entendia que também tinha uma palavra a dizer, e, quando a seca persistia, lá se prontificava a levar a cabo umas procissões que largavam da igreja lá no sopé junto ao Douro, rumando com alguma ligeireza até às zonas mais altas e mais afectadas, ao mesmo tempo que rezavam ou entoavam cânticos com o fim de ser escutados por um Deus que fosse receptivo e generoso, como lhes convinha...
Só que este tipo de prece religiosa pode ter um ou outro inconveniente, uma vez que se trata de uma exposição pública, de contacto com a natureza e onde é sempre possível o imprevisto acontecer, quando se desfruta durante muito tempo de cenários diversos e de grande beleza, e, pode muito bem suceder um ou outro caso de desconcentracção, como foi o caso da mulher de um dos humildes caseiros da aldeia, quando não pôde evitar em determinada situação um largo sorriso, porque terá achado divertido a algo que os seus olhos terão apreciado momentâneamente; só que em resultado dessa "boa disposição", teve que aguentar com uma bofetada do abade, que na frente dos presentes quis mostrar todo o seu autoritarismo e uma grosseria que na época não teve consequências!... »
As décadas foram passando, mas os que estão ainda vivos registaram e lembram, que, no mínimo, o que deveria ser feito por quem superentende na diocese, se é que ainda não sucedeu, seria um pedido de desculpas à comunidade católica desta honrada aldeia e sobretudo aos familiares dessa honesta mulher, que, seguramente, terá ainda filhos e netos vivos, sabendo nós que alguns dos filhos já terão falecido.
A vingança e a raiva são sempre desaconselháveis, mas reconhecer os erros, só dignifica os Homens e as Instituições, porque é muito antigo e ainda não foi desmentido por nenhum sábio o provérbio que diz:« MAIS VALE TARDE QUE NUNCA...».
( CONTINUA )
RECORDAR É VIVER DUAS VEZES!
UM ABRAÇO DO TAMANHO DO " VELHINHO " ARDA!



1 comentário:

  1. O Pedido de desculpas nunca viria a acontecer se esse abade ainda por cá andasse. Nesse tempo consideravam-se senhores absolutos e, que toda a razão lhes assistia.
    Se tivesse levado os Pedoridenses para a Capela de S. Domingos ainda vá que não vá!.... Pois ao ficarem mais próximos das nuvens alguma poderia abrir-se e dar-se o milagre de caír água.
    Mas infelizmente ainda hoje muitos desses Senhores continuam a fazerem como se fossem donos do rebanho.
    Certamente que farão isso por serem fracos servidores. Mas a Igreja católica tem muito de positivo no social. Mas há imensos pontos negros que deveriam ser sancionados, porque ninguem em tempo algum derveria estar acima da lei vigente do País.
    Também e se calhar é a razão principal, porque cada vez são menos os seus seguidores e pessoas disponiveis para o sacerdócio.
    Parabéns pelo artigo e, tempos houve que Padres em Pedorido tiveram acção muito negativa.

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