Até que podiam dar-se bem melhor, porque sendo vizinhas, aconselharia o bom senso que fossem por aí!... Mas até ontem, ninguém havia conseguido fazer com que aquelas duas se entendessem no essencial, mas com o passar do tempo, que costuma ser bom conselheiro, as coisas até pioraram, deixaram mesmo de falar e por este andar não se antevê melhores dias, embora todos garantam, "a pés juntos", que nunca as viram discutir, mas que se vê a "olho nu", que o ambiente entre ambas é de "cortar à faca" e gelado, gelado, apesar do tempo quente que aí está!...
Dizem, os que estão mais por dentro do caso, e, pelo que nos apercebemos, a aldeia em peso há muito que sabe das divergências, e, há mesmo aqueles, que avançam com a hipótese de um dia destes verem o desentendimento ir parar aos tribunais!... Os mais sensatos, valendo-se da experiência e pelo que vão lendo e ouvindo pelos jornais e pelos tele-jornais, vão afirmando convictamente, que vai ser pura perda de tempo, que neste país que Abril resgatou, os tribunais não se entendem com as leis que demoram dez anos e mais a dar uma sentença, que só depois transitará em julgado, não, sem que antes, tenha de ser apreciado por outros juízes de outros tribunais e que já ninguém acredita, e, focam mesmo o célebre processo da Casa Pia, que "não ata nem desata" e que pelo "andar da carruagem" irá ficar em "águas de bacalhau", um termo muito usado nesta nossa aldeia!
Os mais antigos, felizmente ainda muitos e que conhecem bem toda a história, vão ao ponto de dar o seu palpite e percebe-se um "fraquinho" pela mais idosa, porque não acham jeito, dizem mesmo que é desumano terem-na abandonado completamente e pelo aspecto de todos os dias, pela maneira como se apresenta, parece que nem família tem, e, isso nem é verdade, só que não lhe ligam nenhuma... « É muito triste chegar a velho - rematam alguns pedoridenses - porque já não temos a mesma utilidade e começamos a dar trabalhos e até os familiares, quando os há, querem mas é ver-se livres do empecilho!...»
A verdade é que a vizinha mais nova tem muita coisa a seu favor, a começar pela idade, que lhe dá para se movimentar muito melhor e vai arranjar outros apoios, mesmo fora da aldeia e nos dias de hoje, isso conta e de que maneira!... Desde os poderes restritos lá em cima na Vila, mas que contam, quanto mais não seja, pelos interesses que estão à vista de todos, até às ligações a este e àquele ministério sediados em Aveiro, ou mesmo na Capital, quase dá para concluir, que com tribunais ou sem tribunais a vizinha nova leva para já larga vantagem, e, não será por acaso, que, ainda há dias, vimos "com estes dois que a terra há-de comer", como até se apresenta ao público toda bem arranjada, toda "modernaça", muito bem pintada e a transpirar uma felicidade e um à vontade de meter inveja à vizinha e mesmo àquelas que não são vizinhas!... Sinal dos novos tempos, que estão aí para ficar, dizem, embora com muitas divergências e incertezas, que as águas dos nossos dois rios - que já não são as mesmas de outrora - não se cansam de escutar, vindas dos pontos mais diversos e de ambas as margens, mas que não interferem nem um bocadinho, no deslizar das suas águas a caminho do mesmo Atlântico de sempre, agora com mais suavidade, muito mais calmas e alheias a todas as disputas humanas, incluindo das suas duas vizinhas - agora desavindas - e com quem fazem questão de manter um bom relacionamento, quanto mais não seja pela vizinhança, e, porque sabem, que podem contar com a cumplicidade e a protecção da Natureza, numa ligação que se crê com milhões de anos!!!....
Nota: Os pedoridenses atentos, já entenderam desde o início, que se trata de uma metáfora e se refere às duas pontes vizinhas do velhinho Arda e não pretende outros objectivos humanos, que quanto a nós não fariam qualquer sentido!...
-A MELHOR FORMA DE DAR A CONHECER A NOSSA ALDEIA É DIVULGÁ-LA!
Este post é uma cópia do que publicamos no blog PEdorido.com
Etiquetas: pontes, rios, invejas, águas, velhinhos
Tantas vezes em cima dela. Formavam-se filas.
ResponderEliminarNunca ela se queixou, mesmo que por vezes a carregassem abusivamente.
Quem dela se serviu tem-na no coração e sabe que a nova nunca lhe poderá dar o que a mais idosa nos deu.
Lamenta-se; que a tenham lançado práticamente ao abandono e que hoje não lhe propocionem uma utilidade e a a vistam com uma roupagem digna.
Em cima de uma e outra: é a velhinha que nos dá a melhor panorâmica.
Passo lá quinzenalmente e é com saudade que muitas das vezes não a vejo.
Para perpetuar a memória de todos os Pedoridenses que já partiram:- mantenham-na asseada e deiam-na a conhecer e seguramente que ela será uma atracção encantadora para todos quantos visitarem Pedorido. Ela está preparada para suportar todas as intepérides, deiam-lhe brilho e divulguem-na.
Que saudades dos tempos que se atravessa o Arda por cima da nossa Ponte de Ferro.
Tempos que a memória não deixa que se apaguem e que a Juventude de hoje alertada tudo fará para manter esta referência que muito deu a Pedorido e suas gentes.
Muitos parabéns ao autor pela imaginação e que retrata fielmente uma vida com enorme desprezo de quem deveria e teria a obrigação de conservar uma ponte de grande significado histórico.
Não só para Pedorido, como de todo o movimento que teria obrigatóriamente de passar por cima dela.
É da responsabilidade dos Jovens exigir que lhe deiam o trato devido.
Pelo que vejo, isto é sina de Portugal, ter o seu passado ao abandono,estamos num País sem memória.
ResponderEliminarVou a Lisboa vejo ruas quase inteiras ao abandono, ando por aqui na zona de Oeiras igual, vou á terra aspas, é uma tristeza.
Um abraço
Virgilio Miranda
Boas Pikó!
ResponderEliminarAntes de mais, parabéns por mais um texto, mas este tem algo de novo de facto e que gostaria de salientar - o facto de teres personificado duas pontes... É MUITO BOM!
Quanto ao conteúdo, há um facto que me deixou surpreendido, a utilização da expressão - "Graças a Deus"- quando na verdade deveria ser dito - "Graças ao Homem tb".
Será só o passado que está ao abandono?
Mais uma vez parabéns pelo texto.
As pontes. Afinal são presença constante na paisagem de Pedorido. Uma tem história, foi passagem de comboios, de carros e de gente a pé. Como todas as pontes, constituem um elo de ligação, qualquer coisa como um abraço que aproxima e estreita laços.
ResponderEliminarCaro amigo, gostei da metáfora.
Abraço