quinta-feira, 8 de julho de 2010

As Concas, os Ciganos e a história do Camelo!...

Nas décadas de cinquenta e sessenta habituámo-nos a assistir com alguma frequência à chegada e à partida da etnia cigana, que tinha pelo lugar das Concas uma preferência, digamos que natural e que nem seria difícil reconhecer-lhe os méritos pela escolha!... A etnia cigana, toda ela, percebia que era um sítio sossegado e espaçoso, com condições naturais quase únicas e de que nunca abdicaria com o correr dos anos, para uma das suas curtas mas preferenciais estadias!
Pensando melhor e à distância, somos levados a pensar, que esta gente saberia distinguir melhor que nós, as questões da Natureza com o seu entrosamento diário às vicissitudes do clima, nem sempre de acordo com as estações, com Invernos sempre duros e chuvosos, com Primaveras nem sempre amenas e onde as chuvas nunca faltariam, sendo certo que o Verão e parte do Outono iria brindar toda a zona deste vale do Douro e do Arda com um Sol quente e criador, um pouco amenizado pela influência dos rios e de um vasto arvoredo, com tons de verde diversificados, que ia buscar aos rios e às encostas a humidade tão do seu agrado e vital para que continuasse pujante e belo em todos os meses do ano!
Tinham por hábito utilizar transporte próprio, sempre uma carroça, puxada por um pequeno burro, que com muita coragem e personalidade era capaz de levar estas famílias em curtas, mas incessantes viagens e nunca dispensavam a companhia de um ou vários cães nas suas caravanas!... Chegavam e partiam, sempre de surpresa, mas nós sabíamos que voltariam mais tarde, meses volvidos, ou no ano seguinte, e, curiosamente, viriam ocupar o mesmo espaço, numa zona bastante arborizada das Concas, ali bem próximo da N222 e onde a largura iria reduzir, mesmo ao lado de um desajeitado, duro e macio carreiro, que daria acesso ao grande areal, um tanto grado, lá no fundo, que ainda teríamos que vencer, até alcançar a barca, que nos levaria até à outra margem, ali mesmo, onde o pequeno rio Mau acabaria por entregar as suas águas a um Douro buliçoso, ansioso por se encontrar com o Atlântico!
Era muito comum juntarem-se duas e mais carroças, que corresponderia a mais que uma família, mas em boa verdade nunca iríamos sabê-lo, dado que foi sempre um povo muito independente, com opções muito rígidas, um género de "apartheid" imposto a eles próprios, que nem os próprios ciganos saberiam quando e em que região da Europa teria começado... ( Continua )

Nota: Este post é uma cópia do original publicado no blog PEdorido.com

2 comentários:

  1. Já várias vezes escrevi histórias de caravanas ciganas que por lá assentavam arraiais.
    Não paravam muito tempo no mesmo local porque a lei não lhes o permitia.
    Normalmente nunca lhes era permitido estarem na mesma Freguesia ou Lugar mais que quatro a cinco dias. Faziam-se acompanhar de com bastantes animais (Burros e sempre dois ou três cães).
    As ciganas e ciganos mesmo sendo analfabetos tinham coisas fabulosas, inovadoras.
    Em Sebolido apenas uma vez criaram problemas, não com a população mas porque se recusavam a abandonar o local que era ali junto ao Tanque de Junçadelo.
    Parabéns e cá ficamos a guardar a continuação.

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  2. É um Povo que continua a comer o pão que o diabo amassou, mas eles também têm contribuído para que isso aconteça,ao excluir-se das restantes sociedades, querem ser independentes da restante população e têm pago caro por isso, depois á a imagem de trapaceiros que também não têm feito grande coisa para afastar essa imagem, ´penso que ainda vai levar bastante tempo até que sejam integrados na sociedade, veja-se que os Africanos estão há pouco tempo por cá e estão mais próximo da integração.
    Um abraço
    Virgilio Miranda

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