domingo, 11 de julho de 2010

As Concas, os Ciganos e a história do Camelo!... ( 2ª parte )

O "divórcio" entre a nossa sociedade e a etnia cigana, era pelas razões apontadas um facto, até porque as curtas estadias de uma semana ou um pouco mais deste povo nómada, eram como que a garantia de que uns e outros, mantivessem as "distâncias" e nada de anormal viesse a complicar uma vizinhança que nunca seria efectiva... De resto, nem seria bom para ninguém e sempre nos causou algum espanto que a República tivesse criado uma lei em que constaria a tal obrigatoriedade, dizia-se, de os ciganos poderem permanecer apenas alguns dias no mesmo sítio, quando sabíamos que nem liam jornais, nem ouviam os noticiários da Emissora Nacional e muito menos tomariam conhecimento das leis aprovadas e reprovadas pelos deputados da União Nacional do Estado Novo! Pensando agora um pouco melhor, o que terá acontecido é que o poder político, terá decidido adaptar-se ao fenómeno e adoptar em lei a prática deste povo errante, que nunca deu mostras de querer cortar com o seu passado e jogar fora a liberdade de não ter que prestar contas das suas vidas a uma Monarquia ou a uma República estabelecidas!
Cozinhavam numa pequena fogueira improvisada, quase central ao acampamento, ao mesmo tempo que beneficiavam da sua luz e do seu calor, que nas noites frias e chuvosas tanto jeito lhes dava e ainda guardamos na memória, as habituais conversas que mantinham "acesas" para lá da última refeição e que mesmo a curta distância não conseguíamos entender!...
Esta gente não tinha grandes hábitos de higiene e nem era por falta de água, porque recordamos ver as mulheres e as miúdas mais crescidas a abastecerem-se nos fontenários da aldeia, contudo os acampamentos ao ar livre não lhes permitia ter acesso às condições necessárias para ajudar a boas práticas no campo da higiene... Apenas mais uma curiosidade:-« Chegamos a ver à distância, uma ou outra cigana a lavar-se ou a lavar a roupa de familiares, bem perto da foz do velhinho Arda, mas não recordo ver, por uma vez que fosse, um cigano jovem ou adulto a pescar, algures, nas águas do Arda ou do Douro!...»
Não havia volta a dar, porque os ciganos estavam vocacionados e poderíamos mesmo dizer que "treinados" para ir ao encontro das populações, procurando o contacto porta a porta, com o intuito de lhes proporcionar pequenos negócios, que poderiam passar pela venda de um simples tecido, ou na pior das hipóteses pela leitura da sina, que passava sempre por pedir ao residente para a abertura, creio que da mão direita, para de seguida debitar uma série de acontecimentos bem conseguidos para o futuro e que as mais jovens da aldeia gostavam de ouvir, ou pelo menos, era a ideia que ficava no ar, enquanto a cigana, assim que acabasse o "trabalho" lá seguia a caminho do acampamento, mas só depois de ter na mão a pequena quantia acordada com o "cliente"... Pudera, compromisso com cigano era para respeitar!... ( Continua )
Nota: Cópia do post original publicado em PEdorido.com

1 comentário:

  1. O Povo Cigano; também ele um povo perseguido e marginalizado.
    Por aquilo que se lhes conhece não tem grande capacidade mental para inovar ou perceber que tendo ainda hoje e como aliás uma situação adversa, deveriam mudar as mentalidades e assim integrarem-se no sistema educacional e perceber que vivem e muitos deles nasceram cá que há leis que deveriam ser rigorosamente serem respeitadas.
    Vivem como se lhes devessemos o direito de eles criarem a seu belo prazer o mundo em que querem viver e serem suportados pela pedinvha , sina,vendas de material como se conhecece etc. etc.
    Isso não lhes agrada porque seguem entre si princípios únicos e que não aceitam sejam alterados.
    Sabe-se que são raros os casos em que singram e aceitam as regras do jogo.
    É-lhes incutido que devem continuar assim e isso é muito mau para eles e para os Países onde residem.
    É um povo que não produz nem quer produzir em tempo algum.
    O relato é um documento importantissimo que relata com total verdade o que se passava naquele tempo e que com o decorrer dos anos muito pouco se modificou.
    Infelizmente não acredito que algum dia as coisas vão mudar e venham a ser pessoas produtivas e daí com uma vida digna compensada pelo fruto do seu trabalho.
    Parabéns ao Autor.

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