Assim que terminei o almoço deixei a Foz e segui para a zona mais central de Rio Mau, mais precisamente junto à Sobreira, aquele lugar que guardo na memória, dos fins dos anos QUARENTA, onde os rapazes adolescentes da época se juntavam para diálogos muito amistosos, à mistura com gargalhadas e que se ouviam à distância, no final de cada dia, depois de mais um dia de trabalho.
Naturalmente, que já terão passado SESSENTA ANOS, mas importa registar tudo quanto nos marcou para o resto da vida, sobretudo, se no resto do nosso percurso tivemos a desdita de deparar com outros exemplos, que não sendo iguais aos que presenciei em Rio Mau, não têm sequer semelhança.
Em Rio Mau, com seis e sete anos, registei momentos e acontecimentos que me acompanharam pela vida fora. Foram exemplos de amizade, companheirismo e solidariedade desses jovens, que irradiavam um certo tipo de amor fraternal; foi o contacto por perto, com o padre Manuel, que, para além de abade, muito pacífico, era antes do mais trabalhador, muito interessado na feitura das colmeias, juntamente com os demais trabalhadores, das futuras moradias das abelhas, onde se esperava, viessem a fabricar o Mel, delicioso néctar, de que os humanos gostam de se apropriar, por necessidade e pelo prazer dos açucares ; foi ainda o HUMANISMO, a ÉTICA e o SABER do padre Manuel, que teve sempre a arte e o engenho de apontar às pessoas daquele pequeno meio, que, só através do trabalho honesto, no dia a dia, estariam a investir na forma mais correcta para serem felizes e também úteis à sociedade. Dessa Igreja, confesso, sinto ainda hoje a falta, porque estes exemplos, são de um realismo, que não precisa de palavras para ver passada a mensagem, porque o conteúdo é acessível, toda a gente percebe. A socidade necessita de agarrar estes valores e é indiferente se lhes são transmitidos por religiosos ou não, porque só por si, a demagogia e o oportunismo não têm raizes fortes e saudáveis, logo, perdem consistência, definham e o falhanço será mais que certo. A história dos homens está cheia de tristes exemplos!...
Estou em crer, que alguns dos êxitos que Rio Mau obteve nos últimos TRINTA, QUARENTA anos, se ficou a dever ao facto de ter ido " BEBER " a essas fontes de bons exemplos que atrás enunciamos! Era tudo uma questão de tempo, bastaria mudar de paradigma e havia excelentes condições no terreno para que fosse possível a transformação que se desejava.
Quero agora contar-vos um caso que conheci pessoalmente e que ajuda a confirmar as minhas convicções:
Estávamos no ano de 1981 e fui encontrar numa empresa química de Estarreja, que estava a ser construida, várias inscrições gravadas no solo, alusivas a RIO MAU e que me levaram a procurar nas várias empresas que ali operavam, na expectativa de poder encontrar conterrâneos meus, que poderia até conhecer, ou não. Efectivamente, lá encontrei os CANECAS, um outro jovem soldador de nome RUI, um outro chamado PEGAS, natural de MOREIRA e ainda outros de que já não recordo os nomes. A verdade é que estavam ali de Segunda a Sexta e durante anos a lutar pela vida, e, mais uma vez, tive a oportunidade de comprovar, que entre eles continuava aquela chama de companheirismo e de ajuda mútua, como conhecera há trinta anos atrás! Não notei qualquer diferença e lá veio de novo à minha lembrança a figura do Padre Manuel que muito terá contribuido para que este " Milagre " ainda aconteça com as gentes de Rio Mau.
É neste estado de espírito que chego à zona da Sobreira, naturalmente muito diferente de outrora. Do lado oposto e em todo o correr já não existem os campos de cultivo de que ainda me lembro... Deram lugar a cafés e a outro tipo de construção, resultante do crescimento, entretanto verificado em Rio Mau, que passou de um simples Lugar para Freguesia e a História vai registando os passos, que vão sendo dados, por esta gente de espírito sempre jovem, que persiste em manter a sua matriz e que tem brio em preservar as suas MEMÓRIAS, que são o seu alimento e o " SEGREDO " para vencer as dificuldades e ir em frente, com o sucesso que todos lhe reconhecem e que está à vista!... É um povo que demonstra no dia a dia que está de bem consigo próprio, que vive sem azedume, mesmo quando surgem as dificuldades e isso está espelhado na alegria que deixam transparecer nas conversas simples e que até contagia!... Não será por acaso que um vizinho muito atento de Rio Mau ao caracterizar este povo, dizia mais palavra menos palavra o seguinte:- « ... COMO EU GOSTARIA QUE OS MEUS CONTERRÂNEOS FOSSEM UNIDOS COMO ESTE POVO DE RIO MAU!... »
Naturalmente, que já terão passado SESSENTA ANOS, mas importa registar tudo quanto nos marcou para o resto da vida, sobretudo, se no resto do nosso percurso tivemos a desdita de deparar com outros exemplos, que não sendo iguais aos que presenciei em Rio Mau, não têm sequer semelhança.
Em Rio Mau, com seis e sete anos, registei momentos e acontecimentos que me acompanharam pela vida fora. Foram exemplos de amizade, companheirismo e solidariedade desses jovens, que irradiavam um certo tipo de amor fraternal; foi o contacto por perto, com o padre Manuel, que, para além de abade, muito pacífico, era antes do mais trabalhador, muito interessado na feitura das colmeias, juntamente com os demais trabalhadores, das futuras moradias das abelhas, onde se esperava, viessem a fabricar o Mel, delicioso néctar, de que os humanos gostam de se apropriar, por necessidade e pelo prazer dos açucares ; foi ainda o HUMANISMO, a ÉTICA e o SABER do padre Manuel, que teve sempre a arte e o engenho de apontar às pessoas daquele pequeno meio, que, só através do trabalho honesto, no dia a dia, estariam a investir na forma mais correcta para serem felizes e também úteis à sociedade. Dessa Igreja, confesso, sinto ainda hoje a falta, porque estes exemplos, são de um realismo, que não precisa de palavras para ver passada a mensagem, porque o conteúdo é acessível, toda a gente percebe. A socidade necessita de agarrar estes valores e é indiferente se lhes são transmitidos por religiosos ou não, porque só por si, a demagogia e o oportunismo não têm raizes fortes e saudáveis, logo, perdem consistência, definham e o falhanço será mais que certo. A história dos homens está cheia de tristes exemplos!...
Estou em crer, que alguns dos êxitos que Rio Mau obteve nos últimos TRINTA, QUARENTA anos, se ficou a dever ao facto de ter ido " BEBER " a essas fontes de bons exemplos que atrás enunciamos! Era tudo uma questão de tempo, bastaria mudar de paradigma e havia excelentes condições no terreno para que fosse possível a transformação que se desejava.
Quero agora contar-vos um caso que conheci pessoalmente e que ajuda a confirmar as minhas convicções:
Estávamos no ano de 1981 e fui encontrar numa empresa química de Estarreja, que estava a ser construida, várias inscrições gravadas no solo, alusivas a RIO MAU e que me levaram a procurar nas várias empresas que ali operavam, na expectativa de poder encontrar conterrâneos meus, que poderia até conhecer, ou não. Efectivamente, lá encontrei os CANECAS, um outro jovem soldador de nome RUI, um outro chamado PEGAS, natural de MOREIRA e ainda outros de que já não recordo os nomes. A verdade é que estavam ali de Segunda a Sexta e durante anos a lutar pela vida, e, mais uma vez, tive a oportunidade de comprovar, que entre eles continuava aquela chama de companheirismo e de ajuda mútua, como conhecera há trinta anos atrás! Não notei qualquer diferença e lá veio de novo à minha lembrança a figura do Padre Manuel que muito terá contribuido para que este " Milagre " ainda aconteça com as gentes de Rio Mau.
É neste estado de espírito que chego à zona da Sobreira, naturalmente muito diferente de outrora. Do lado oposto e em todo o correr já não existem os campos de cultivo de que ainda me lembro... Deram lugar a cafés e a outro tipo de construção, resultante do crescimento, entretanto verificado em Rio Mau, que passou de um simples Lugar para Freguesia e a História vai registando os passos, que vão sendo dados, por esta gente de espírito sempre jovem, que persiste em manter a sua matriz e que tem brio em preservar as suas MEMÓRIAS, que são o seu alimento e o " SEGREDO " para vencer as dificuldades e ir em frente, com o sucesso que todos lhe reconhecem e que está à vista!... É um povo que demonstra no dia a dia que está de bem consigo próprio, que vive sem azedume, mesmo quando surgem as dificuldades e isso está espelhado na alegria que deixam transparecer nas conversas simples e que até contagia!... Não será por acaso que um vizinho muito atento de Rio Mau ao caracterizar este povo, dizia mais palavra menos palavra o seguinte:- « ... COMO EU GOSTARIA QUE OS MEUS CONTERRÂNEOS FOSSEM UNIDOS COMO ESTE POVO DE RIO MAU!... »
Parece-me, que este desabafo, dito em tom magoado e nostálgico encerra uma verdade que até os cegos são capazes de ver!...
Não foi difícil encontrar alguns dos meus " velhos " amigos. Um a um, iam chegando junto do café da BANDA, ponto de encontro para a conversa, ler o jornal e tomar o café a seguir ao almoço.
A uma certa distância consigo descortinar o " Benfica, " rapaz do meu tempo e com quem tive o previlégio de jogar futebol, ainda no antigo Pejão, decorria o ano de 1965... Foi um encontro de grandes amigos, e, a seguir, outros iam chegando:- o Manuel Carvalho ( Marau ), o " velho " Mota, defesa aplicado, o Arlindo, guarda-redes, mais conhecido por " Borrachinha, " e o Zé Abílio que no atletismo deu cartas no lançamento do dardo e do disco! Conversamos com a mesma franqueza dos tempos passados, sem tecnicismos e vi nos olhos de alguns aquela emoção própria dos melhores momentos das nossas vidas!... Conversei ainda com os bons amigos Neves e Valdemar a quem no final dos anos QUARENTA apelidavam de Stálin e que tem agora SETENTA e CINCO anos!
O Manuel Carvalho e o " Benfica " tiveram ainda a amabilidade de me levarem até ao Ribeiro, de quem guardo muitas recordações, mas confesso que encontrei grandes diferenças, não só no ribeiro, mas sobretudo no meio envolvente... Gostei do novo espaço que está a ser perspectivado para festas e outros eventos, e, acho óptima, a ideia daquela reconstrução para a futura biblioteca!
De conversa em conversa, tive a grata surpresa de tomar conhecimento de que Manuel Araújo da Cunha, era também de Rio Mau e morava na freguesia. Quis conhecer este ilustre conterrâneo, dizer-lhe pessoalmente que aprecio muito do que tem publicado na Internet, que admiro bastante o seu estilo, e, que, gosto, particularmente da causa que vem defendendo em toda a sua OBRA: A REGIÃO do DOURO! Assim, desta forma natural e simples, vamos encontrando no nosso caminho, a caminhada de outros que também à sua maneira vão fazendo um trabalho sério, honesto e que é pouco reconhecido, e, acontece, quase sempre, surgir alguma lembrança, já tardiamente,de preferência depois do desenlance fatal, muito à " boa maneira portuguesa "...
A verdade é que a terra vai necessitar sempre de ser regada, mas está já adubada e por aí quase que poderíamos dormir descansados, mas é mais prudente não ir por aí, porque há tanto a fazer!... Depois as lembranças dos exemplos do Padre Manuel, do Ricardo Sousa, do Marques Sopa (já falecidos) e dos Canecas, do Rui ( jovem soldador em 1981), do Manuel Cunha, do António Monteiro e de tantos que não conheço, mas que existem e que estão a dar o seu melhor, são a garantia de que esta gente vai continuar a dar a volta por cima, como já o vem fazendo há CENTENAS de anos, se forem correctas as informações escritas acerca do povo de Rio Mau!...
Quero voltar em breve a Rio Mau para novo reencontro, mas desta vez, queria muito encontrar o Orlando Sousa e o António Monteiro, de quem me desencontrei desde os anos SESSENTA e que recordo com muita saudade, pela amizade fraterna que sabia transmitir e também pelo gozo que era, ouvir de viva voz, as lindas quadras sobre as povoações ribeirinhas, sem nunca esquecer o DOURO de milhões de anos!
Foi um prazer enorme estar convosco e voltar às minhas origens, onde tudo começou para mim e o começo foi em RIO MAU; faço questão de relembrar a mim próprio este facto, e, muitas vezes, nas minhas conversas com outras pessoas, vou buscar alguns dos temas que aqui temos aflorado e que damos como exemplos, e, todos, sem excepção, gostam do que ouvem e ficam encantados com as HISTÓRIAS CURTAS ou MÍNIMAS sobre Rio Mau e a sua gente!
Não foi difícil encontrar alguns dos meus " velhos " amigos. Um a um, iam chegando junto do café da BANDA, ponto de encontro para a conversa, ler o jornal e tomar o café a seguir ao almoço.
A uma certa distância consigo descortinar o " Benfica, " rapaz do meu tempo e com quem tive o previlégio de jogar futebol, ainda no antigo Pejão, decorria o ano de 1965... Foi um encontro de grandes amigos, e, a seguir, outros iam chegando:- o Manuel Carvalho ( Marau ), o " velho " Mota, defesa aplicado, o Arlindo, guarda-redes, mais conhecido por " Borrachinha, " e o Zé Abílio que no atletismo deu cartas no lançamento do dardo e do disco! Conversamos com a mesma franqueza dos tempos passados, sem tecnicismos e vi nos olhos de alguns aquela emoção própria dos melhores momentos das nossas vidas!... Conversei ainda com os bons amigos Neves e Valdemar a quem no final dos anos QUARENTA apelidavam de Stálin e que tem agora SETENTA e CINCO anos!
O Manuel Carvalho e o " Benfica " tiveram ainda a amabilidade de me levarem até ao Ribeiro, de quem guardo muitas recordações, mas confesso que encontrei grandes diferenças, não só no ribeiro, mas sobretudo no meio envolvente... Gostei do novo espaço que está a ser perspectivado para festas e outros eventos, e, acho óptima, a ideia daquela reconstrução para a futura biblioteca!
De conversa em conversa, tive a grata surpresa de tomar conhecimento de que Manuel Araújo da Cunha, era também de Rio Mau e morava na freguesia. Quis conhecer este ilustre conterrâneo, dizer-lhe pessoalmente que aprecio muito do que tem publicado na Internet, que admiro bastante o seu estilo, e, que, gosto, particularmente da causa que vem defendendo em toda a sua OBRA: A REGIÃO do DOURO! Assim, desta forma natural e simples, vamos encontrando no nosso caminho, a caminhada de outros que também à sua maneira vão fazendo um trabalho sério, honesto e que é pouco reconhecido, e, acontece, quase sempre, surgir alguma lembrança, já tardiamente,de preferência depois do desenlance fatal, muito à " boa maneira portuguesa "...
A verdade é que a terra vai necessitar sempre de ser regada, mas está já adubada e por aí quase que poderíamos dormir descansados, mas é mais prudente não ir por aí, porque há tanto a fazer!... Depois as lembranças dos exemplos do Padre Manuel, do Ricardo Sousa, do Marques Sopa (já falecidos) e dos Canecas, do Rui ( jovem soldador em 1981), do Manuel Cunha, do António Monteiro e de tantos que não conheço, mas que existem e que estão a dar o seu melhor, são a garantia de que esta gente vai continuar a dar a volta por cima, como já o vem fazendo há CENTENAS de anos, se forem correctas as informações escritas acerca do povo de Rio Mau!...
Quero voltar em breve a Rio Mau para novo reencontro, mas desta vez, queria muito encontrar o Orlando Sousa e o António Monteiro, de quem me desencontrei desde os anos SESSENTA e que recordo com muita saudade, pela amizade fraterna que sabia transmitir e também pelo gozo que era, ouvir de viva voz, as lindas quadras sobre as povoações ribeirinhas, sem nunca esquecer o DOURO de milhões de anos!
Foi um prazer enorme estar convosco e voltar às minhas origens, onde tudo começou para mim e o começo foi em RIO MAU; faço questão de relembrar a mim próprio este facto, e, muitas vezes, nas minhas conversas com outras pessoas, vou buscar alguns dos temas que aqui temos aflorado e que damos como exemplos, e, todos, sem excepção, gostam do que ouvem e ficam encantados com as HISTÓRIAS CURTAS ou MÍNIMAS sobre Rio Mau e a sua gente!
Só quem se afastou voluntariamente dos seus amigos sabe o quanto custa viver separado!...
UM ABRAÇO DO TAMANHO DA SERRA DA BONECA PARA RIO MAU !
UM ABRAÇO DO TAMANHO DA SERRA DA BONECA PARA RIO MAU !
Jovens de Uma Geração de Ouro. Histórias das nossas Gentes. Parabéns pelo excelente trabalho e do amor á Terra de Origem.
ResponderEliminarValdemar marinheiro= Gentes da Nossa Terra o seu trabalho e referências são esçpeciais. Fez-me os seus comentário no meu Blogue Terras riol e mar
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