sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Relembrar os Desastres de Bhopal e Chernobil! (1ª Parte)


Quando pensamos nas questões ambientais, dois dos maiores acidentes ou desastres acodem de imediato à nossa memória: Bhopal na India e Chernobil na Ucrânia.
Curiosamente estávamos em meados da década de oitenta e ligado a uma empresa química norte americana, e, talvez por isso, seria a partir dali que me comecei a interessar mais pelo que se passava por cá e também lá por fora...
Pareceu-me, que a partir de Bhopal em 1984, começou a haver outras preocupações e cuidados na indústria química e não seria caso para menos, porque embora não haja dados estatísticos rigorosos, crê-se, que, devido à libertação de cerca de 40 toneladas de gás tóxico, aproximadamente 2 mil e 500 pessoas morreram nos instantes seguintes ao acidente e mais 8 mil morreram nos três primeiros dias após a explosão. Actualmente, pelo menos morre uma pessoa por dia devido a doenças relacionadas com a exposição às substâncias tóxicas e cerca de 150 mil possuem doenças crónicas e necessitam de assistência médica.
A fábrica química da Union Carbide em Bhopal permanece abandonada desde a explosão tóxica, mas os resíduos perigosos e materiais contaminados ainda estão espalhados pela área, contaminando o solo e as águas subterrâneas, dentro e no perímetro da sua antiga fábrica.
Tinham passado mais de dois anos e desta vez tinha lugar em Chernobil na Ucrânia o pior desastre nuclear de que há memória! O acidente produziu uma nuvem radioactiva que atingiu toda a URSS, Europa Oriental, Reino Unido e Escandinávia. Grandes áreas foram contaminadas principalmente na Ucrânia e na Bielorrússia, tendo levado à evacuação de cerca de 200 mil pessoas. A radioactividade espalhou-se por aqueles países, devido às condições atmosféricas, sempre variáveis, acabando por afectar a vida de regiões a milhares de quilómetros de distância.
Também aqui é extremamente difícil informar a quantidade exacta de pessoas que morreram devido ao acidente, mas em 2005 a ONU divulgou um relatório que atribuiu 56 mortes e uma estimativa de cerca de 4 mil pessoas, que, possivelmente, morreriam no futuro por doenças relacionadas com os malefícios das elevadas doses de radioactividade.
Por último, aparecem destacados nos inquéritos alguns dados que teriam estado na origem do acidente e que nos fazem arrepiar, como a pouca instrução dada aos operadores, defeitos nos reactores, a falta de comunicação correcta entre os escritórios de segurança e os operadores, além de terem desligado os aparelhos de segurança dos reactores, atitude expressamente proibida.
Finalmente, há cerca de dez anos, após várias negociações internacionais com o governo da Ucrânia, conseguiu-se desactivar esta ultrapassada central nuclear cujos malefícios estão longe de ser avaliados.
Se foi péssimo e desagradável o que aqui acabamos por descrever, que possa contribuir para que repetições destas não voltem a suceder, porque a vida na Terra dispensa bem cenas e atitudes irresponsáveis de gente, que, terá de perceber, que é possível ter lucros sem ter que pôr em causa os equilíbrios ambientais, que, naturalmente, já existiam e que devem continuar!

(CONTINUA)

3 comentários:

  1. Parabéns pela forma como relatas estes problemas que tanto mal causaram.
    Na ocasião em que ocorreram nem sempre a informação foi ilucidativa.
    Não tinha conhecimento dessa total dimensão.
    Com informaação tão detalhada e precisa mais fácil nos é dado perceber o que representa o ser humano para quem detém o poder.
    Infelizmente que ainda e durante muitos anos irão morrer pessoas vítimas desse desleixo.
    Com ilucidações destas em cada dia nos tornamos mais conhecedores e mobilizados para ajudar a que se construa um mundo mais racional.
    Muitos parabéns pela forma brilhante com desenvolves os temas.

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  2. Esses foram os grandes acidentes com químicos, mas no dia a dia são mais frequentes do que as noticias dirão, mas é um facto que hoje temos as nossas cozinhas, dispensas e casas de banho a abarrotar de produtos que muitos nem sonham, o que podem causar, não só devido ao mau uso dos mesmos, mas mesmo usados com parcimónia a longo prazo vão deixar sequelas.
    No campo então é flagrante a falta de conhecimento quanto ao uso de pesticidas herbicidas e outros, quando caminho por locais ainda cultivados, vejo com frequência embalagens que foram utilizados nesses produtos, abandonados por todo o lado, há muito a fazer quanto á utilização desses «venenos» e o Estado pouco tem feito na divulgação dos perigos decorrentes do uso de químicos.
    Um abraço
    Virgílio

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  3. Não devemos esquecer dos benefícios que a quíca trouxa para a sociedade, agora devemos sim ter a preocupação com a segurança em todas as áreas e setores...

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