Achamos muito curioso, termos acordado hoje com o pensamento num facto já passado há alguns anos, que não mais esqueceremos e que nos deixou pensativo para o resto da vida e queremos acreditar que naquele dia nem fomos capaz de perceber o alcance do que nos estaria a acontecer... Mas passemos à história:
« Entre 1998 e 2006 o nosso desempenho profissional repartiu-se um pouco por este país industrial e viemos a conhecer uma boa parte das zonas industriais, onde pontificam médias e sobretudo pequenas empresas do sector metalúrgico. Isto, equivale a dizer, que contactamos com muitas pessoas do mundo do trabalho e estamos a englobar trabalhadores, quadros intermédios e também patrões, com quem mantivemos relacionamento de âmbito profissional e que nos ajudaram a compreender, um pouco melhor, as realidades deste nosso país no sector industrial privado!
Decorria o ano de 2002 e fomos solicitado para executar uma tarefa numa zona industrial próxima do tão falado IC 19, e, enquanto reparávamos umas deficiências no sistema automático de uma máquina de corte, pudemos estabelecer um relacionamento profissional com um jovem engenheiro, que se encontrava nessa mesma empresa com idêntico motivo ao nosso, ou seja, apoiar os seus clientes no sector das vendas e dando ainda apoio técnico... Ficamos a saber, que este jovem engenheiro tinha muitos clientes em toda as zonas industriais da grande Lisboa e na margem sul do Tejo até à península de Setúbal!
Decorrido um ano ou pouco mais deste nosso primeiro encontro profissional, fomos destacado para montar uma máquina automática numa zona industrial próximo de Palmela e dispúnhamos de uns três dias para executar a tarefa, sabendo que ia ser um trabalho cansativo só para um profissional, porque se tratava de uma máquina de três módulos e com cerca de 22 metros... Ao 3º dia, uma sexta-feira e já com tudo devidamente alinhado e fixo ao piso do pavilhão, só faltava a parte final e que passava por programar todo o sistema e passar esses conhecimentos a um profissional dessa empresa, como "rezava" no contrato... Sucedeu, que estávamos arrasado física e intelectualmente e por volta das quatro horas dessa sexta-feira, já nem conseguíamos programar o sistema de medida automático e corríamos o risco de ter de continuar no dia seguinte, que era um sábado, e, esse atraso, iria complicar parte dos nossos planos de trabalho para a semana seguinte.
Aproximava-se as cinco horas da tarde e estávamos tão absorvido com a nossa última tarefa, quando somos surpreendido com a chegada do tal jovem engenheiro, que, por casualidade, estava de passagem e que logo se abeirou para nos cumprimentar ao mesmo tempo que observava a maquinaria já montada, e, é aqui, que lhe damos a saber do esforço e desgaste que estávamos a ter na parte final do nosso trabalho... Ao perceber o nosso estado de espírito, aquele jovem engenheiro tomou em mãos o pequeno manual e em cerca de quinze minutos, terminou aquilo que nós já não conseguiríamos fazer!... Ficou ainda ao nosso lado a assistir ao arranque da máquina e despediu-se todo sorridente, enquanto dávamos as últimas explicações e entregávamos o equipamento!...
Ainda voltamos mais vezes a empresas nossas clientes nas diversas zonas industriais da grande Lisboa, mas nunca mais nos encontramos! Viemos a saber, que abraçara um novo projecto para que fora convidado e ainda nos recordamos que estaria casado com uma moça holandesa e que trabalharia na embaixada da Holanda em Lisboa...
Ficamos com a certeza, isso sim, de que este jovem engenheiro português, que terá agora cerca de quarenta anos, ou um pouco mais, estará a ter o sucesso profissional que merece, e, não nos larga uma vontade enorme de poder ainda agora repetir-lhe, que temos bem gravado o gesto solidário que teve para connosco e quanto ficamos reconhecido pela sua ajuda. Bem haja!
Etiquetas: automatismos, sector metalúrgico, IC 19, Palmela, engenharia, solidariedade, reconhecimento, Lisboa, Setúbal, embaixadas.
Um acto louvável e digno de registo.
ResponderEliminarProva que indiferentemente da classe a que pertence cada um essa solidariedade pode e deve funcionar.
Felizmente que este caso não é único.
Felizmente que teve o que devia.
São relatos destes que certamente ajudarão outros a perceber a importância da solidariedade.
Gostei desta louvável atitude.
Amigo PIKO
ResponderEliminarO meu trabalho também tinha a ver com equipamentos electromecânicos, mas trabalhava no Estado, e aí está toda a diferença, os Engenheiros que trabalham? no Estado, não saem dos gabinetes, portanto essa situação que se passou com o Amigo, era muito difícil acontecer comigo, o mais certo era ter que ficar lá o fim de semana a programar o equipamento.
Um abraço
Virgílio