quinta-feira, 29 de abril de 2010

AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ!...

Há coisas que gostamos muito de fazer, mas há outras que nem por isso, mas que aceitamos fazer por razões várias, quando mais não seja, por entendermos que não devemos sobrecarregar os outros, que já estão ocupados e porque não seria justo, não percebermos, que as tarefas divididas, alivia uns e outros, pena é que os exemplos gerais das nossas sociedades, não apontem muito para outro tipo de divisões e os resultados dos egoísmos desenfreados e das vaidades exacerbadas, estão a pôr em risco os pilares de valores que eram considerados os barómetros dessas mesmas sociedades em tempos que já lá vão...
Quem será o culpado e onde mora? Será mesmo que haverá culpados para ser apontados a dedo, ou será que tudo isto tem vindo a acontecer, depois que os humanos "descobriram" que o que é bom para eles e para o planeta é o sucesso individual, mesmo que isso ponha em causa os outros sucessos todos, onde estão a restante sociedade, os outros animais, as árvores e até a vida no planeta?!...
Parece-nos que os desiquilíbrios estão a ficar mais desiquilibrados, mas será que isto é verdade? As vidas nunca foram fáceis para os povos e quem no-lo diz é a própria história desses mesmos povos e basta conhecer o essencial da nossa história, a caminho dos novecentos anos, para concluir, ou para tirar ilações do que foi a vida dos portugueses desde o Condado Portucalense...

Este mês de Abril, carregado de verdura e de flores, de todos os tipos e de todas as cores, onde incluímos as dos arbustos selvagens, transporta consigo como que uma força oculta, que consegue "arrancar" as pessoas da rotina e convidá-las a sair de suas casas, deixar para trás os meios urbanos, que tanto nos "prende" e embrenhar-se a pé, através de uma natureza, toda ela mais verde, mas sobretudo cheia de paz e de um sossego, que tantas vezes é quebrado pelos variados cantares dos pássaros, a maior parte já nossos velhos conhecidos, mas por vezes somos despertos pelo chilreio de um ou outro que não sabemos distinguir sequer de que pássaro se trata, mas que pouco importa, porque o que conta é que são bonitos, possuem cantares lindíssimos e nunca desafinam ... Desde que me conheço e me dei conta destas envolvências com a natureza, logo nos primeiros anos da minha meninice e naquela linda aldeia do Douro, reparo que ainda tudo é tão igual na natureza, sem avanços nem recuos, pelo que me é dado notar e quero acreditar, que não há ali qualquer desiquilíbrio e por esse lado, parece-me, que o cenário não terá sofrido qualquer alteração!...
Enquanto que no terreno dos humanos, as descobertas científicas nos últimos sessenta anos foram mais que muitas e em todas as áreas, porque será que não conseguiram convergir para o equilíbrio e até fizeram pior, basta ver os desiquilíbrios actuais na sociedade portuguesa para se perceber que não "bate a bota com a perdigota"...
Nos meus caminhos de Abril, com a natureza verde e tão verde, com os pássaros irrequietos e palradores, com um comportamento tão igual e tão feliz como o dos seus antepassados naquelas terras durienses de tempos passados, apetece-me perguntar:- « QUAL SERÁ A DIFICULDADE OU DIFICULDADES, QUE IMPEDE QUE OS HUMANOS, NÃO CONSIGAM OS MESMOS EQUILÍBRIOS QUE SERES MENOS INTELIGENTES VÊM CONSEGUINDO?!... »

quinta-feira, 22 de abril de 2010

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NOS ANOS CINQ.- (2ª Parte)

Recuar até aos anos Cinquenta e retermo-nos por uns instantes que seja a procurar visionar recordações de uma época já um pouco distante, mas, que, seguramente, não foi esquecida e que merece ser aflorada, independentemente dos factos serem bons e menos bons, para que possamos perceber que também fizemos parte dessas histórias, que nos cruzamos pelos mesmos caminhos de uma vivência que foi deveras difícil e que assistimos a muitos factos que atestam isso mesmo, ou, que, mais dia menos dia, acabaríamos por conhecer, porque era uma ligação diária e muito personalizada, que contrabalançava como que em oposição aos baixos conhecimentos escolares, onde uma larga maioria nem saberia ler e os outros tinham poucos hábitos de leitura, excluindo tudo quanto estivesse relacionado com as leituras religiosas, uma prática muito incentivada por uma igreja católica, que por ser única, dirigia a seu bel-prazer tudo o que deveria ou não ser feito por toda esta gente, que aspirava chegar um dia ao Céu, temendo ter de passar pelo Purgatório, mas afugentando para bem longe a hipótese de cair no Inferno...
Na época, os padres católicos tinham um estatuto social bastante elevado e sobretudo um poder, que, quase ninguém ousava enfrentar, porque era uma igreja que se tinha enraizado ao poder político de partido único, respirando o mesmo ar arrogante e que não admitia, sequer, a contradição, quando se envolvia em questões que nada tinham a ver com o catolicismo, sendo esse mais um dos grandes pecados cometidos por uma boa parte desses abades e com a cobertura das suas hierarquias. Claro, que houve honrosas excepções de abades que não excederam os limites da prática religiosa e do amor ao próximo, mas viram-se excluídos de progressão nas suas carreiras, por não serem da "confiança" absoluta dos chefes!...
Acontece, que em Pedorido essa intolerância era por mais evidente e visava sempre os mais humildes e a história que vamos contar prova isso mesmo:
« Ali pelo ano de 1955, alguns rapazes do Alto Picão, trabalhadores das minas e cheios de genica, até pela idade e ainda porque eram solteiros e bons rapazes, decidiram ocupar uma pequena parte de uma bela tarde de um domingo primaveril a "imitar" uma prática religiosa tão do agrado dos cristãos a que chamam Compasso, como se tivessem regressado ao tempo das "casinhas"...
Fizeram-no duma forma espontânea, com uma cruz de madeira grotesca, às "três pancadas", de exposição muito reduzida, e, pensamos nós, que debaixo de um clima de "muito boa disposição", próprio dos meios mineiros, onde as tabernas funcionavam de manhã à noite, e, só quem não viveu naquela época, poderá achar uma coisa insólita e muito desproporcionada...
Ora, numa aldeia controlada ao pormenor, é certo e sabido que o dono do rebanho foi de imediato avisado pelos informadores, que até podem não ter visto, mas que puseram pés a caminho como era seu "dever", levando até ao abade uma "boa notícia", de "qualidade rara" , presume-se... O abade não era de "meias medidas" e vai de excomungar, de imediato, dois dos brincalhões e foi assim colocada uma pedra sobre um assunto, em que mais uma vez, a igreja católica, foi tão mal servida por um vigário que usou a vingança sobre uns quantos humildes, que bem necessitados andariam de alguma compreensão e ajuda, para poder continuar a suportar a "cruz pesada" que a profissão e o baixo salário de mineiro a todos colocava!... »
O que ainda espanta é que uma Instituição como a igreja católica, bem organizada pelo que nos é dado observar, não tenha tido até aos dias de hoje a humildade de "descer à terra" para reconhecer e explicar a toda a sociedade que errou, como errou e porque errou....
Era tão fácil, era justo e seria uma boa prática, a prática da tolerância e do respeito pelos humildes, e, para se ficar a perceber, que, finalmente, esta mesma igreja havia cortado com as práticas erradas do seu passado recente!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

OS VERDES E AS FLORES DA PRIMAVERA!

Agora que as temperaturas "acalmaram," as caminhadas ou uns simples passeios pedonais permitem-nos apreciar e mesmo contemplar como bela é a Primavera!
Com toda a certeza que as árvores terão os portes da nossa meninice e o verde será o mesmo, mas também é verdade que uma ou outra espécie serão uma novidade, vindas sabe-se lá de onde, mas muito provàvelmente de algum ponto do nosso litoral, ou então dum dos muitos locais do nosso interior, estou a lembrar-me do Gerês, onde há uns anos atrás me recordo ter visto certas plantas e até árvores que foram novidade e que a altitude, as temperaturas amenas e a humidade explicarão bem melhor que quaisquer outras conjecturas...

É bem verdade, que há uns cinquenta anos atrás, só nos grandes centros urbanos e nas principais cidades deparávamos com jardins e canteiros públicos bem estruturados e floridos, mas, depois de Abril de 1974, aos poucos, foi-se generalizando e o hábito está espalhado por todas as cidades e vilas e ainda por grande parte das aldeias, que se tornaram ainda mais atraentes, sobretudo com a chegada da Primavera, porque as flores tornam os canteiros ou as rotundas um verdadeiro prazer para os olhos de quem passa e que não pode ficar indiferente a tanta beleza e diversidade!
Infelizmente, "nem tudo são rosas" e há vários dias nas minhas caminhadas de fim de tarde, fui surpreendido com uma atitude de um ou mais humanos que pela calada da noite - pensamos - terão tido o atrevimento de retirar uns dois pequenos arbustos rasteiros de um dos canteiros públicos, mesmo marginal ao passeio, abrindo uma clareira que ficou a notar-se à vista desarmada e ainda tiveram o desplante de espalhar uma certa quantidade de terra pelo passeio, em cerca de vinte metros, como que a deixar a marca do "crime"... Este tipo de atitude, não dignifica o ser humano e só vem provar que há ainda um caminho longo a percorrer no sentido da responsabilização individual, compatível com o que deverá ser uma Democracia moderna e exigente e que só poderá ser conseguida através do empenho dos cidadãos!
Há dias atrás, contava-me um amigo meu uma outra história passada na sua rua, em que um vizinho volvidos oito anos, "obrigou" um outro vizinho a retirar uma pequena planta, ( arbusto ) bem linda por sinal e ainda florida, só porque resolveu inventar argumentos sem cabimento, enquanto fazia saber que o seu arbusto não seria para retirar! Ou seja, retiras o teu arbusto, mas eu não retiro o meu... Tal e qual! Conseguiu o seu objectivo, porque ainda há criaturas que preferem ficar prejudicadas, e, com o apoio de outro vizinho, trataram de transferir o lindo arbusto para uma outra zona e estão a fazer todos os esforços possíveis para ver se ainda o conseguem "salvar"...
Estas situações "trazem à baila" as fragilidades ainda muito latentes na nossa sociedade, porque não se muda do dia para a noite!... As mudanças para melhor nas pessoas, levam uma vida e quando se consegue um feito desses é razão mais que suficiente para se fazer uma festa!... A mesquinhez, o egoísmo, a inveja e outros preconceitos interiorizados desde a infância, estão em profunda contradição com as sociedades solidárias, porque são doenças que dividem muito as pessoas, criam todo o tipo de quezílias e tornam-nas infelizes...
A esperança essa nunca vai morrer, porque acompanha sempre todas as causas merecedoras do empenho dos que não desistem, e, que sabem, que vai valer sempre a pena estar do lado dos justos e dos oprimidos!
Há até quem lhe chame uma "guerra" que não mais parará, mas eu prefiro o termo "batalha", porque as guerras dos povos e que nós estudamos na História, eram um conjunto de batalhas e por esse prisma esta será uma das "batalhas" do nosso tempo, e nós, tal como os nossos antepassados, estamos na firme disposição de "guerrear" para que o bem prevaleça sobre o mal!