Fazemos parte duma sociedade que tem as suas regras a que vamos juntando os nossos princípios, adquiridos ao longo de toda uma vida, mas, que, por vezes, são "mandados às urtigas" só porque não nos convém, ou, porque, simplesmente, resolvemos resvalar para o erro, alegando desculpas esfarrapadas, como aquela, de que se os outros não cumprem, porque teremos nós de o fazer?!... Vai daí, puxamos dos "nossos galões" e sem sequer pensarmos um pouco, desatinamos a tomar atitudes feias, num sinal claro de falta de civismo e de desrespeito para com o ambiente, como se todo o mundo fosse culpado das nossas frustrações como humanos.
Por achar tratar-se de situações anómalas, que mostram claramente o estádio actual de uma franja significativa da nossa sociedade, achei, por bem, trazer ao vosso conhecimento dois episódios em que de alguma forma me vi envolvido e que gostaria de vos dar a saber! Cá vai:
- Um pouco afastado da casa onde moro estão colocados dois contentores do lixo, além dos três bidrões que todos nós conhecemos... Acontece, que tenho por hábito durante o trajecto até aos contentores, aproveitar por "limpar" as zonas envolventes por onde passo, porque não sou capaz de passar indiferente por um maço de cigarros já vazio e que fora arremessado para a berma, ou ignorar uma garrafita de plástico, ou uma lata de sumo, já vazias, sabendo que não perdi tempo algum com o meu gesto, uma vez que teria de efectuar aquele percurso até aos contentores...
Há alguns dias, um indivíduo bem adulto, que estava a observar o "ambiente" e de mãos nos bolsos, ao ver parte do meu "trabalho" reage desta maneira:- «... Não se incomode com isso, ninguém lhe agradece nada, "eles" que limpem, são "eles" que o ganham... Vê-se, que você é de bom tempo...»
Mas as coisas não se ficaram por aqui! Ontem, arrumei o lixo selectivo para os bidrões, mas fui surpreendido com a deslocação destes aparelhos para uma zona mais afastada sem aviso prévio... Naquele local, encontravam-se parados alguns operários da construção civil à espera do transporte depois de mais um dia de trabalho e questionei-os acerca da nova "morada" dos bidrões "desaparecidos"... Disseram-me, que tinham sido levados para o fundo da rua, mas foram peremptórios e unânimes a sugerir para que despejasse ali nos contentores gerais do lixo as garrafas, cartões e plásticos:- « É de bom tempo... Despeje aí e vá à sua vida... Isso é que era bom, ir agora até ao fundo, fazer mais outro caminho... tá bem tá... "eles" não merecem o sacrifício das pessoas... etc,etc,»
Claro, que levei a minha missão até ao fim e não seria por mais oitenta metros que deixaria de o fazer!...
Moral da história:- Nota-se em largos sectores da sociedade portuguesa uma falta de brio, de exigência ética à mistura com alguma raiva e tudo serve como "ajuste de contas", nem que seja deixar poluir as zonas próximas das nossas habitações... É verdade que há problemas sérios por resolver, mas mistura-se tudo e "paga o justo pelo pecador", um ditado popular muito usado pelas boas gentes das margens do Douro.
Com cabeças tão confusas e sem esperança, para onde caminha este povo?!...
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