segunda-feira, 30 de maio de 2011

RELEMBRAR AS AVES É VOLTAR AO PASSADO!... (2ª Parte) ...

Não deixa de ter a sua graça!... Enquanto uma parte dos humanos não faz os trabalhos de casa, inventando algumas desculpas, que, nem aos próprios convencem, outros seres continuam fiéis às tarefas que sabem ter de executar. É o caso deste casal de melros, já adultos, com pelo menos um ano de idade, já o mês de Maio se aproxima do seu termo e que lutam com a determinação que herdaram para levar adiante o compromisso sério de fazer o seu ninho, colocar lá os ovos possíveis e duma forma continuada, passar ali uma boa parte do dia e da noite, durante cerca de duas semanas, para que o calor "emprestado" resulte na continuação da espécie!... Tudo tão simples, afinal, assim à primeira vista, dirão os mesmos humanos, que tantas vezes complicam o que parece fácil, porque se tornaram hipócritas e egoístas em demasia, ao ponto de já há muito passarem a fazer parte do problema, que uma outra parte da sociedade luta por resolver seriamente!...
Voltando ainda ao mundo fabuloso das aves, onde o nosso casal de melros se insere, para constatar os diálogos que temos vindo a observar entre eles, por todo este pinhal de proximidade, mal o dia começa a despertar e que perdura até ao final do dia, assim que a noite começa a dar sinais de querer instalar-se... São diálogos que se mantêm durante manhãs e tardes inteiras, separados por dezenas de metros em que as posições vão mudando consoante as necessidades, mas, curiosamente, todos se entendem, apesar dos diferentes chilreios, próprios dos grupos a que pertencem. Ou seja, aquilo que para nós humanos parece uma grande algazarra e no fundo uma grande confusão, não será para esta passarada, que, decifra correctamente a mensagem do interlocutor, para, logo de seguida, iniciar uma resposta pronta, que, por vezes, necessitará de uma troca de posição na referida árvore de acolhimento... Mas, isso é coisa simples, para quem tem tanto prazer e facilidade em voar, rodeado que está de um razoável e diversificado arvoredo... De resto, se estivermos com alguma atenção, notaremos, que, cada um no seu grupo, tem uma linguagem própria e que em nada se confunde com os outros grupos!... Basta comparar o chilrear de uma cotovia, que em nada se compara ao canário e muito menos ao melro! Ao primeiro impacto, parece-nos tudo muito simples neste mundo das aves, mas será mesmo assim?!... Nota-se, também, que existe uma espécie de "luta de classes" entre grupos, com as aves de rapina no topo duma hierarquia que a todos submete sem apelo nem agravo! Pode-se argumentar, que as aves são em tudo muito primitivas, que não se vê ali nenhuma evolução... É verdade que os humanos do ponto de vista científico têm enorme facilidade de progressão e a Net é um bom exemplo disso... Só, que, logo de seguida e quando menos se espera, tornam-se em irresponsáveis quase perfeitos, forjam ardilosamente escaramuças e desavenças graves, que podem pôr em causa equilíbrios fundamentais para uma vivência estável em todo o planeta!... E aqui, a grande e fabulosa descoberta da Net de nada irá servir para ajudar a resolver os litígios, porque já nem o diálogo sobrevive...
Toda esta dialéctica não cabe nesta missão sublime a que se propôs este jovem casal de melros, que, indiferente a todas as polémicas entre humanos, trabalha com afinco para a forte possibilidade de trazer para a vida do grupo mais três indivíduos, que é o número actual de ovos que pude visionar a alguma distância do ninho e que a foto documenta! Resta aguardar com toda a tranquilidade, mas uma coisa já é certa:-« Este meu jardim, já ganhou uma nova motivação para lá das flores, e, não negamos, que, ficamos até sensibilizados por merecer a confiança duma ave, que, no fundo, confiou em nós, sem sequer nos conhecer!...»


sexta-feira, 27 de maio de 2011

RELEMBRAR AS AVES É VOLTAR AO PASSADO!... (1ª Parte) ...

A Primavera caminha a passos largos para o fim!... Não é novidade para os humanos, mas as aves também não se deixam enganar! Se isso acontecesse seria grave, pensamos nós, mas as aves, vê-se que têm um sentido muito realista, porque farão leituras adequadas e que acabam por influenciar os seus comportamentos... A começar pelas temperaturas, pelas épocas das chuvas, pela grandeza dos dia e das noites, que influenciam e de que maneira os seus voos sazonais, quando se trata de aves migratórias.
Continuo a morar na província, mas agora a cerca de quatro quilómetros do mar Atlântico, mas aqui só as gaivotas são "rainhas" e não têm complexos de vir a ocupar os areais e outras paragens, caso o mau tempo e a forte ondulação se instalem pelo seu habitat, para ali regressarem assim que as condições o permitam... Os homens com uma vida dedicada ao mar, dizem, amiudadas vezes, "Gaivotas em Terra!..." para classificar, precisamente, essa característica de uma ave que tão bem se adaptou a viver do mar e para o mar, mas, nas condições mais adversas também não arriscam a ficar por lá!... Não o farão pelo sentido da responsabilidade, mas pela sobrevivência, que trocado em miúdos vai dar no mesmo!
Mas, hoje gostava de vos falar duma outra ave, que nada quer com o mar e todos conhecemos, que é o melro! Diz-se, que é uma ave de jardim, mas sobrevivia por todo o nosso país rural, aliás, é daí que o conhecemos melhor... Acompanhava muito de perto os trabalhos de lavoura, ali com o rio Douro bem próximo, quando o nosso país era essencialmente rural, com os seus voos rasantes na proximidade de ribeiros, regatos e represas, ao mesmo tempo que não dispensava os seus cantares estridentes de um alerta avisador e denunciador, que ficará connosco para os restos das nossas vidas...
Nessa altura não imaginaríamos sequer que passados sessenta anos viéssemos a reencontrar essa mesma ave, num outro cenário, mantendo as mesmas características, os mesmos jeitos, a mesma forma de estar e a mesma adaptabilidade, agora também nos jardins e num pinhal com alguma proximidade... Há, todavia, uma pequena grande diferença, que não posso deixar de vos dar a conhecer:- Nos últimos anos, talvez, a minha presença seja mais notada por estas aves, que, entretanto, começaram por se aproximar um pouco mais do meu florido jardim... Começaram por fazer o ninho na pequena árvore do fundo do jardim e este ano voltaram a nidificar, mas na árvore mais próxima e há poucos dias, lembraram-se de fazer mais um ninho, mas desta vez a cerca de dois metros do solo, bem agarrado aos troncos de uma glicínia que prospera encostada à casa, bem dentro do nosso jardim!...
Claro, que me passam muitas coisas pela cabeça, é muito normal que tal aconteça... Desde recordar os anos da minha infância, numa volta ao passado, onde se perfilam em catadupa um vasto rol de memórias, em que, por vezes, entram também os melros, não estes, que agora se lembraram do meu jardim, mas, seguramente, outros, que tinham o mesmo aspecto e o mesmo desembaraço dos que lhes sucederam! (CONTINUA)